O advogado do jornalista, Luís Vaz Martins, antigo presidente da Liga Guineense dos Direitos, confirmou à Lusa que Adão Ramalho esteve hoje no Ministério Público junto ao Tribunal Regional de Bissau, onde foi ouvido na qualidade de denunciante.
Na audiência, Adão Ramalho afirmou que foi "brutal e selvaticamente agredido pelo denunciado (Iaia Camará) numa manifesta demonstração de força bruta", no dia 12 de março passado, quando fazia a reportagem do regresso ao país do líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira.
"A cena perpetrada pelo denunciado, que resultou no espancamento do denunciante, aconteceu perante a assistência de milhares de internautas que assistiam à transmissão em direto do evento, aliás, como a intenção do denunciado era exatamente humilhar o denunciante, decidiu aproveitar o momento, já que sabia que o evento estava a ser transmitido em direto nas redes sociais", observou Luís Vaz Martins, nos fundamentos da queixa-crime.
No documento, a que a Lusa teve acesso, o advogado de Adão Ramalho salienta o facto de a alegada agressão ocorrer em plena Praça dos Heróis Nacionais - local que simboliza as conquistas da autodeterminação de um povo, no que foi a sua luta contra as arbitrariedades da opressão colonial, hoje visto por muitos como o símbolo das liberdades.
Na Praça dos Heróis Nacionais, antiga praça do Império, está situado o palácio da presidência e a sede do PAIGC.
Para provar a queixa, o advogado do jornalista disse ter entregado ao Ministério Público as imagens em vídeos e os áudios registados no momento da suposta agressão.
A Presidência da República desmentiu que o agente Iaia Camará tenha estado em Bissau no dia em que o líder do PAIGC regressou ao país.