A componente informática dos exercícios militares Han Kuang, que irá prolongar-se por oito dias, foi iniciada no centro de comando das Forças Armadas em Taipé, com a presença do Ministro da Defesa Chiu Kuo-cheng e do Chefe do Estado-Maior General Huang Shu-kuang, segundo comunicado do Governo.
De acordo com os militares, os exercícios de 24 horas diárias servirão para testar as capacidades de Taiwan de repelir ataques inimigos, nos cenários mais severos possíveis, contemplando o uso dos mais recentes meios do Exército de Libertação do Povo da China (ELC), incluindo o porta-aviões Shandong, os caças furtivos J-20 e alguns mísseis avançados.
Os exercícios, que envolvem todos os ramos militares taiwaneses, decorrem este ano em ambiente de tensão crescente na região, com incursões frequentes de meios aéreos e navais do ELC em Taiwan.
O território é autónomo desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.
Formalmente chamada República da China, Taiwan tornou-se, entretanto, numa democracia com uma forte sociedade civil, mas Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação pela força.
Segundo a agência CNA, as recentes incursões do ELC são consideradas resposta a vendas de armas dos Estados Unidos a Taiwan, visitas de alto nível norte-americanas e maior apoio de Washington a Taipei com o ex-presidente Donald Trump e o seu sucessor, Joe Biden.
Os exercícios militares Han Kuang contam normalmente com a participação de milhares de efetivos militares, mas este ano apenas 300 puderam participar, devido às medidas de controlo da pandemia de covid-19, refere a agência CNA.
A componente de fogo real dos exercícios Han Kuang terá lugar de 12 a 16 de julho, de acordo com o Ministério da Defesa taiwanês.
Na semana passada, a China alertou que está determinada a usar a força para impedir que Taiwan se aproxime dos Estados Unidos.
Ma Xiaoguang, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan, do Conselho de Estado chinês, avisou que os recentes exercícios militares junto a Taiwan foram um aviso a Taipé, de que aproximar-se dos EUA para conseguir a independência será um fracasso.
"Os exercícios militares visam assinalar que estamos determinados a impedir a independência de Taiwan e impedir que Taiwan trabalhe com os EUA", disse Ma, em conferência de imprensa.
"Não prometemos abandonar o uso da força e manteremos a opção de tomar todas as medidas necessárias", avisou.
Ma disse que os EUA deveriam respeitar o princípio de "Uma só China" e lidar adequadamente com a questão de Taiwan.
"As forças externas que usam Taiwan para conter a China e as forças separatistas que usam a força para procurar a independência estão condenadas ao fracasso perante a forte determinação de 1,4 mil milhões de chineses", advertiu.
O aviso de Ma coincidiu com a visita a Taiwan do antigo senador norte-americano Chris Dodd e dos antigos vice-secretários de estado Richard Armitage e James Steinberg, a pedido do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
A Casa Branca disse que a visita foi um "sinal pessoal" do compromisso de Biden com Taiwan e a sua democracia e os enviados reuniram-se com a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen.
O Departamento de Estado norte-americano disse também, na semana passada, que vai emitir novas diretrizes para permitir que as autoridades norte-americanas se encontrem mais livremente com as autoridades de Taiwan.
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