Citado pela agência EFE, Alexandr Lukashenko anunciou publicamente que nos próximos dias assinará um decreto que permitirá manter a estabilidade do país e precaver situações extremas como a eventualidade de o presidente ser assassinado.
Com o novo decreto de Lukashenko, caso o cargo presidencial fique vazio, no dia seguinte o Conselho de Segurança receberá os poderes presidenciais correspondentes, inclusive a possibilidade de declarar a lei marcial.
"Só por precaução, vou assinar o decreto e decidir quem vai governar o país. Tenho que pensar em tudo. Na verdade, temos um presidente coletivo na forma de Conselho de Segurança. Quando não houver presidente, as suas funções ficarão a cargo" desse órgão, frisou.
Lukashenko, no poder desde 1994, adiantou que, segundo o decreto que vai assinar em breve, o Conselho de Segurança, que inclui o primeiro-ministro, adotará as decisões por voto "secreto" para evitar pressões externas.
"Marcar eleições presidenciais, declarar ou não a situação de emergência e outras decisões, serão decididas pelos civis e militares do Conselho de Segurança", precisou Alexandr Lukashenko.
O Conselho de Segurança inclui, entre outros, o primeiro-ministro, os presidentes de ambas as Câmaras do Parlamento, o Procurador-Geral da República, os ministros da Defesa e do Interior, o chefe das secretas, o Governador do Banco Central, o Chefe do Estado-Maior Geral do Exército ou o filho mais velho de Lukashenko, Victor, como conselheiro de segurança nacional.
Por outro ladoLukashenko , voltou a negar que pretenda "ceder" ou "transferir" o poder a alguém, aludindo aos seus filhos, como acusa a oposição.
"Isso nunca vai acontecer. Estou pronto para tudo, mas apenas para preservar o meu e o seu país", declarou.
Por sua vez, lembrou que os organizadores do golpe consideravam várias opções: assassiná-lo no dia 9 de maio, altura em que se comemora a vitória sobre a Alemanha nazi, ou através de um franco-atirador (sniper) quando ele, presidente, estivesse a descansar na casa de férias presidencial.
Lukashenko revelou que um de seus generais se fez passar por desertor e foi este estratagema que permitiu que os conspiradores fossem capturados.
O presidente bielorrusso, que reprimiu violentamente os protestos contra a fraude nas eleições presidenciais de 2020, denunciou na semana passada uma conspiração e um golpe patrocinados pelos Estados Unidos, que incluiria o seu homicídio e o dos seus filhos, acusação que pode ser interpretada como dramatização ou encenação política.
Segundo os serviços secretos bielorrussos, os procuradores daquele país apresentaram acusações formais contra quatro pessoas já detidas, uma das quais "confessou" a conspiração.
Também, durante o seu discurso sobre o Estado da Nação na quarta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, criticou o Ocidente por manter silêncio sobre a tentativa de assassinato político do presidente bielorusso, situação que comparou às conspirações dos Estados Unidos contra o líder venezuelano Nicolás Maduro.
"A prática de organizar golpes, planos de assassinatos políticos (...) isso já é demais. Eles (EUA) ultrapassaram todos os limites", criticou Putin.
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