"Lamentamos as mortes. Chegou a um número enorme de mortes agora aqui, não é?", indagou Jair Bolsonaro, na sua habitual transmissão de vídeo na rede social Facebook, na qual declarou que "o coronavírus ficará para sempre", mas que o seu Governo "não fechou o comércio, nem falou que todo o mundo tinha que ficar em casa".
"Vamos ter que conviver com o vírus, até porque muda cada vez mais. Esperamos que não haja uma terceira vaga por aí, pedimos a Deus que não haja, mas temos que enfrentar. (...) Se continuar a política de 'lockdown' [confinamento obrigatório], igual à do prefeito de Araraquara [cidade em São Paulo] (...), vai levar a sociedade à miséria", acrescentou Bolsonaro.
O Brasil ultrapassou na quinta-feira a trágica marca das 400 mil vítimas mortais (401.186) devido à Covid-19, após 14 meses de pandemia no país, sendo a segunda nação com mais óbitos em todo o mundo.
O país sul-americano precisou de pouco mais de um mês (36 dias) para passar dos 300 mil aos 400 mil mortos, somando 100 mil óbitos nesse intervalo de tempo.
Em relação às infeções, o Brasil totaliza 14.590.678 casos positivos, sendo o terceiro país com mais diagnósticos de Covid-19.
Entre os fatores que potenciaram o repentino aumento de mortes e casos no país estão a circulação de variantes mais infecciosas, incluindo duas de origem brasileira, conhecidas como P.1 e P.2, o relaxamento de medidas restritivas e a exaustão do confinamento.
Contudo, o próprio Presidente tem sido a principal figura do país a incitar ao desconfinamento, algo que ocorre desde o início da pandemia.
Bolsonaro, considerado um dos chefes de Estado mais céticos em relação à gravidade da doença, chegou a classificar a covid-19 de "gripezinha", continua a censurar a adoção de medidas de isolamento social, e criticou várias vacinas, chegando a pôr em causa a eficácia das máscaras.
Essa postura levou a que fosse instalada uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) no Senado, que investigará alegadas omissões do seu Governo no combate à pandemia.
Na sua transmissão no Facebook na quinta-feira, Bolsonaro negou estar preocupado com essas investigações.
"A gente continua a trabalhar a todo o vapor. Não estamos preocupados com essa CPI", salientou o chefe de Estado.
A transmissão ficou ainda marcada por declarações de Bolsonaro a defender a exploração de terras indígenas e a construção de uma central hidroelétrica numa reserva indígena em Roraima, pela sua intenção de visitar garimpeiros que extraem ouro, e por críticas à imprensa e a organizações não-governamentais.
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 3.152.646 mortos no mundo, resultantes de mais de 149,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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