"Acho que a forma como ela é tratada equivale a tortura e os iranianos têm uma obrigação muito clara e inequívoca de libertá-la", disse o ministro das Relações Exteriores britânico à BBC.
Nazanin Zaghari-Ratcliffe, que tem dupla nacionalidade iraniana e britânica, foi acusada de "atividades de propaganda contra o sistema iraniano por participar numa manifestação em frente à embaixada do Irão em Londres em 2009", por ocasião dos protestos contra a reeleição do Presidente ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad e por "dar uma entrevista ao serviço persa da BBC".
Em 26 de abril, Zaghari-Ratcliffe, de 42 anos, foi sentenciada a mais um ano de prisão e um ano de proibição de deixar o Irão, um mês depois de cumprir cinco anos de cadeia.
Questionado se Londres considera a cidadã iraniana-britânica de "refém", o chanceler respondeu que é "difícil argumentar contra essa caracterização".
"É certo que ela é objeto de um jogo do gato e do rato" e que Teerão a usa como "alavanca no Reino Unido", como outras binacionais detidas ou com processos com a justiça iraniana, cuja libertação Londres exige "imediata e sem condições", acrescentou.
Gestora de projetos da Thomson Reuters Foundation, braço filantrópico da agência de notícias Reuters, Nazanin Zaghari-Ratcliffe foi presa em 2016 em Teerão, onde acabara de visitar a sua família.
Acusada de conspirar para derrubar a República Islâmica, o que nega veementemente, foi condenada a cinco anos de prisão.
Essa sentença terminou em 07 de março, quando a pulseira eletrónica, com a qual foi controlada durante o último ano, foi removida. Entretanto, continuou em prisão domiciliária.
Em 10 de março, poucos dias antes deste segundo julgamento, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, exigiu ao Presidente iraniano, Hassan Rohani, a "libertação imediata" de Zaghari-Ratcliffe.
Zaghari-Ratcliffe envolveu-se na conturbada relação entre Londres e Teerão, que deteve dezenas de estrangeiros ou iranianos com dupla nacionalidade, geralmente acusados de espionagem para pressionar outros países e conseguir concessões ou trocas de prisioneiros.
Especula-se que a sua prisão está relacionada com uma dívida que o Reino Unido tem com o Irão há mais de 40 anos, quando o xá Mohamad Reza Pahlavi comprou 1.500 tanques no valor de 400 milhões de libras esterlinas que nunca terão sido entregues.
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