Polícia moçambicana detém mãe que envenenou filha após promover abusos

A polícia moçambicana deteve uma mulher suspeita de envenenar a filha menor para forçar o aborto de uma gravidez que resultou de exploração sexual promovida pela própria mãe, disse hoje à Lusa fonte da corporação. 

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Lusa
03/05/2021 14:53 ‧ 03/05/2021 por Lusa

Mundo

Moçambique

 

A mulher de 34 anos terá servido à filha uma porção de veneno para ratos e insetos num copo com água, que a aconselhou a beber para se desfazer da gravidez de seis semanas, resultante de última relação, mediada pela própria mãe.

O crime de envenenamento foi registado na terça-feira e a menor teve alta hospitalar no domingo, explicou hoje à Lusa, Mateus Mindu, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na província de Manica, centro do país. 

"A polícia deteve a mulher por crime de envenenamento, depois de ela ter obrigado a filha a ingerir produtos nocivos para provocar um aborto", detalhou. 

A mulher, prosseguiu Mateus Mindu, servia de proxeneta e arranjava encontros sexuais para a filha de 16 anos em troca de valores monetários não especificados, tendo numa das ocasiões se envolvido com um cliente, a pedido da própria, sem o uso de contraceptivo, gerando uma gravidez indesejada. 

"Foi graças a denuncias anónimas e à pronta intervenção da polícia que se evitou o pior. A menor foi socorrida no hospital e trabalhos de perícia confirmaram a ingestão de 'ratex'. Mas após uma semana de internamento ela esta bem", assegurou Mateus Mindu, adiantando que se seguem agora procedimentos criminais. 

Em declarações à Lusa, na primeira esquadra de Chimoio, a vítima contou que a mãe chegou a arranjar um encontro com o seu padrasto, tendo ela recusado, considerando a situação "demasiado vergonhosa", antes de aceitar o encontro da qual resultou a gravidez. 

O caso enquadra-se num perfil de crimes que tem sido alvo de denúncia pública.

Campanhas de organizações de defesa de direitos da criança e recentes punições de homens que se envolveram com crianças ou em casamentos prematuros estarão a fazer diminuir este ano as violações contra menores nos distritos da província de Manica, disse o porta-voz da PRM à Lusa.

Em 2020, a polícia registou naquela região um valor recorde de casos de abuso sexual de crianças, incluindo bebés, geralmente perpetrados por parentes e vizinhos anciãos, no centro do país: foram contabilizados 45 casos, quase o dobro em relação a 2019. 

Leia Também: ONG relata subida de violações à liberdade de imprensa em Moçambique

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