Se a tensão aumentar "haverá mais confrontos, e com mais confrontos haverá mais violência, e com mais violência haverá mais baixas, e então poderemos ir mais longe na direção errada", frisou Zhang Jun, na segunda-feira.
"Pode também significar uma situação caótica em Myanmar [antiga Birmânia] e mesmo uma guerra civil", advertiu o diplomata.
Myanmar é palco de manifestações contra a junta militar, no poder desde o golpe de 01 de fevereiro, e confrontos entre manifestantes e forças de segurança.
Na sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU tinha apoiado os apelos das nações do Sudeste Asiático para uma cessação imediata da violência e conversações como um primeiro passo para uma solução, na sequência do golpe, que depôs a líder civil Aung San Suu Kyi e o seu partido.
O conselho voltou a exigir a restauração da democracia e a libertação de todos os detidos, incluindo Suu Kyi, e condenou o uso da violência contra manifestantes pacíficos e a morte de centenas de civis.
Zhang, que descreveu Myanmar como "um vizinho amigo", apoiou fortemente os esforços diplomáticos da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e da enviada especial da ONU para Myanmar Christine Schraner Burgener, e manifestou a esperança de que estes produzissem resultados.
Apesar de "a China não ser a favor da imposição de sanções", disse o embaixador.
"Devíamos realmente estar a criar um ambiente mais favorável para trazer o país de volta à normalidade e encontrar uma solução política através de diálogos entre os partidos políticos relevantes dentro do quadro constitucional e legal", salientou.
As cinco décadas de regime militar em Myanmar levaram ao isolamento e às sanções internacionais. À medida que os generais afrouxaram o controlo e permitiram a realização de eleições que levaram Suu Kyi à liderança em 2015, a comunidade internacional respondeu com o levantamento da maioria das sanções e investimento no país.
O golpe de fevereiro ocorreu depois das eleições de novembro, ganhas pelo partido de Suu Kyi, mas que a junta militar considerou ilegais.
"Os partidos políticos devem ser capazes de encontrar uma solução para esta questão" das eleições, disse Zhang. É por isso que a China defende "mais esforços diplomáticos" e "está a trabalhar muito de perto com os partidos relevantes" para que se abstenham "de ir ao extremo" e tentem "encontrar uma solução com diálogo".
Sem uma solução diplomática e com uma maior deterioração da situação "será inevitável uma catástrofe ou crise humanitária", que é necessário evitar, afirmou.
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