"Eu confirmo que em breve o presidente Mariano Nhongo vai se entregar, de modo que haja paz no centro de Moçambique. Há contactos em alto nível sobre a saída da Mariano Nhongo das matas, mas não posso avançar detalhes", declarou André Matsangaíssa Júnior, em declarações à imprensa local.
O antigo membro da dissidência falava durante uma cerimónia que marcava a passagem do terceiro ano após a morte do histórico líder da Renamo, Afonso Dhlakama, na sua terra natal (Mangunde, na província de Sofala) na segunda-feira.
O grupo liderado por Mariano Nhongo é apontado pelas autoridades como responsável pelos ataques armados que já provocaram a morte de pelo menos 30 pessoas desde 2019 em estradas e povoações das províncias de Manica e Sofala, centro de Moçambique.
André Matsangaíssa Júnior é sobrinho de André Matade Matsangaíssa, fundador e primeiro comandante da Renamo e que dirigiu a organização quando esta iniciou a guerra civil contra o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), em 1977, até à sua morte em combate, em 1979.
Matsangaíssa Júnior acompanhou Mariano Nhongo na sua primeira aparição anunciando a criação da Junta Militar da Renamo em 2019, ostentando uma AK47 e uniforme da antiga guerrilha do principal partido de oposição em Moçambique.
Mais tarde, em março deste ano, André Matsangaíssa Júnior anunciou a sua saída das matas após um encontro com o chefe de Estado em Maputo, tornando-se, assim, no terceiro rosto da autoproclamada Junta Militar da Renamo que se rendeu, depois de João Machava e Paulo Nguirande.
No mesmo mês, o líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo desdramatizou as deserções de membros influentes do seu grupo, acusando-os de traição, incluindo André Matsangaíssa Júnior.
A autoproclamada Junta Militar da Renamo contesta a liderança do partido e as condições para a desmobilização decorrentes do acordo de paz assinado entre o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e o presidente do principal partido de oposição, em agosto de 2019.
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