Índia tem "muita vontade" de retomar negociações de comércio

O embaixador da Índia junto da União Europeia (UE), Santosh Jha, afirma que o país tem "muita vontade" de retomar as negociações para um acordo comercial e de investimento com a UE, que se encontram bloqueadas desde 2013.

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Lusa
05/05/2021 09:37 ‧ 05/05/2021 por Lusa

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"A Índia tem muita vontade de retomar as negociações relativas a acordos comerciais e de investimentos com a UE. Achamos que há todas as razões para o fazer: a atual pandemia desafiou-nos, há a necessidade de uma recuperação económica nas duas regiões, e concluir um acordo comercial e de investimentos, onde as nossas relações são tão complementares e o nosso comércio tão equilibrado, faz todo o sentido", frisa o embaixador.

Em entrevista à Lusa na embaixada da Índia em Bruxelas, no âmbito da reunião de líderes UE-Índia que decorrerá, de maneira virtual, no próximo sábado, Santosh Jha diz que "se se observar a trajetória económica da Índia", vê-se que o país "será a terceira economia do mundo" em 2030, sendo "muito possível" que, mais tarde, "se torne na segunda ou na primeira".

"Dadas as futuras perspetivas económicas da Índia -- tornando-se num mercado maior e mais atrativo tanto para o comércio como para o investimento -- faz sentido [concluir um acordo comercial]. É uma parceria mutuamente benéfica", destaca o responsável.

Nesse sentido, o embaixador destaca que a negociação de um acordo comercial e outro de investimentos deve ser feita em simultâneo, dado que "os dois estão ligados" e que "há claramente valor em concluir ambos".

"Para mim, não faz grande sentido compartimentalizá-los e deixá-los separados um do outro. Acho que a nossa preferência deve ser de concluir os dois e espero que esse seja o resultado do Porto: que sejamos capazes de retomar as negociações tanto do acordo comercial como do acordo de investimentos", aponta.

Abordando assim a política de "auto resiliência" da Índia, que foi introduzida pelo primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, durante a pandemia, e que alguns analistas caracterizaram como sendo protecionista, o embaixador considera que, pelo contrário, a política em questão serve para "abrir a Índia ao mundo", comparando-a ao conceito de "autonomia estratégica" da UE.

"Não se trata de fazer com que a Índia se dobre sobre ela mesma, que se torne mais autárquica [conceito económico que significa ser autossuficiente], mas de abrir-se mais para o mundo, criar mais capacidades em casa ao atrair colaborações do exterior: criar capacidades tanto nas cadeias de valor, como na manufaturação. Porque, a partir daí, pode ser-se mais integrado, contribuir mais para a economia, a prosperidade e as ligações globais", destaca.

Interrogado sobre se o fracasso das negociações relativas ao precedente acordo de livre comércio -- cujas conversas tinham sido iniciadas em 2007, mas que foram interrompidas em 2013 por divergências entre os dois lados -- não criam um "trauma" entre os dois parceiros e dificultam "progressos" nesta matéria, Santosh Jha reconhece que foi "bastante infeliz" que as duas partes não tivessem chegado a acordo na altura, mas realça que "as circunstâncias mudaram".

"Se nos deixarmos ser determinados pelo que aconteceu no passado, então o futuro será uma réplica exata do que aconteceu. Mas não é isso que acontece na vida real: as coisas mudam, as circunstâncias mudam. A geopolítica global mudou, o contexto na Índia e na UE mudou", sublinha.

Considerando assim que a UE e a Índia "terão de procurar maneiras de trabalhar e de navegar" para chegar a acordo, Santosh Jha reitera que "é muito importante que as negociações sobre um acordo comercial e de investimentos retomem".

"Estou muito otimista de que, se o fizermos, seremos capazes de chegar a acordo num curto período de tempo", aponta o embaixador.

A UE e a Índia iniciaram, em 2007, negociações para um acordo comercial, tendo o anúncio sido feito, na altura, durante a terceira presidência portuguesa do Conselho da UE.

No entanto, em 2013, as conversas foram abandonadas, devido a divergências entre as duas partes nomeadamente no que é relativo à exportação de partes de automóveis do mercado europeu para a Índia, e também devido à intransigência da UE no que se refere a um regime de vistos menos robusto, que permitiria o acesso mais fácil de profissionais indianos ao mercado de trabalho europeu.

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