"Apreciamos o apoio que a UE nos deu. Também há outros países no mundo que avançaram com o seu próprio apoio para a Índia. E pode-se observar que, em todos os casos, [os países que forneceram o apoio] reconheceram que a Índia foi muito solidária com os outros" quando passaram pela mesma situação, aponta o embaixador.
Numa entrevista concedida à Lusa numa altura em que a Índia atravessa uma segunda vaga que tem batido os recordes diários mundiais de mortes e infeções de covid-19 -- este sábado, a Índia tornou-se no primeiro país a ultrapassar as 400 mil infeções diárias --, Santosh Jha relembra que, "em todas as lutas desta natureza", a "solidariedade" e a "cooperação" são "chave".
"Nós demonstrámos, desde o início, que estamos empenhados nesses princípios. Desempenhámos o nosso papel quando outras nações, incluindo na Europa, estavam a enfrentar uma situação muito difícil, ao mantermos o fornecimento de equipamento médico durante a fase inicial da primeira e da segunda vaga", diz o embaixador.
Frisando assim que, à semelhança do que a Índia fez com os outros países do mundo noutras alturas, os seus parceiros devem agora "também apoiar a Índia", o embaixador refere que a entreajuda faz parte da "natureza das relações internacionais" e da "natureza do desafio" pandémico, reiterando que "ninguém está seguro até que todos estejam seguros".
"Pensar que me posso vacinar a mim, ou colocar-me numa espécie de zona segura, não é possível numa situação pandémica. Há novas variantes a emergirem todos os dias, que são potencialmente mais virulentas e mais danosas", refere.
Apesar disso, Santosh Jha reconhece que a atual situação pandémica na Índia "terá de ser resolvida com os recursos próprios" do seu país.
"É também uma questão de conseguir estabelecer todos os mecanismos de distribuição de maneira a conseguir mobilizar as diferentes capacidades que existem no país. Mas, em simultâneo, as respostas rápidas da União Europeia, e de vários Estados-membros da UE, são absolutamente apreciadas na Índia", frisa o embaixador.
Interrogado sobre como reage às restrições que estão a ser impostas à Índia por países europeus --a Alemanha, a Bélgica ou a Itália, por exemplo, proibiram viagens provenientes do país --, Santosh Jha diz que essas restrições são "naturais" no momento atual.
"A Índia também proíbe viagens de outros países e tem várias restrições em vigor. Por isso, fazem parte da maneira como somos desafiados por esta pandemia e não acho que sejam medidas permanentes. Toda a gente quer viajar, interagir e encontrar-se com outras pessoas: quanto mais rápido esse tempo chegar, melhor", afirma.
Com uma população de 1,3 mil milhões de habitantes, a Índia está a braços com um surto devastador, que já levou vários países a oferecerem ajuda ao gigante asiático, incluindo Portugal.
A explosão do número de casos, atribuída a uma variante do vírus detetada naquele país asiático e a comícios eleitorais e festivais religiosos em grande escala, sobrecarregou os hospitais, onde faltam camas, medicamentos e oxigénio.
Na terça-feira, a Índia ultrapassou a barra dos 20 milhões de infetados desde o início da pandemia.
Nas últimas 24 horas, registaram-se 357 mil casos de covid-19 e 3,449 mortes.
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