"Os países produtores de hidrocarbonetos como a Guiné Equatorial, Angola, Moçambique ou Brasil e Portugal, como grande consumidor, é muito importante que possamos trabalhar num projeto coordenado ao nível da CPLP para poder explorar o gás para uso das nossas economias", disse Gabriel Obiang Lima.
O ministro falava hoje, no centro de conferências de Simpopo, Guiné Equatorial, no segundo dia da cimeira de negócios promovida pela Confederação de Empresários da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
"Cada vez será mais difícil conseguir financiamento para desenvolver os nossos produtos [petrolíferos] porque mundialmente há uma grande motivação para levar a cabo a transição energética de hidrocarbonetos para as energias renováveis", assinalou.
Mas, apesar disso, defendeu, em países como a Guiné Equatorial e outros em África, essa transição terá de "levar no mínimo mais 20 anos".
"Só aí estaremos ao nível dos países desenvolvidos", disse.
O ministro equato-guineense falava num painel com responsáveis governamentais da Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, além de representantes de Portugal, Brasil e Moçambique sobre o papel dos governos na atração de investimento estrangeiro.
Por seu lado, o deputado socialista português Luís Moreira Testa considerou que, no novo advento das energias renováveis, Portugal tem potencial para passar de consumidor a produtor de energia.
"Os hidrocarbonetos servirão nas próximas décadas como combustíveis de transição. Portugal é um grande consumidor de gás natural, proveniente maioritariamente da Argélia, e a nova geração de consumo de gás natural na Europa prevê a obrigatoriedade de inclusão de hidrogénio verde", disse.
Neste sentido, defendeu o deputado, os 'pipelines' que trazem o gás da Argélia podem, num futuro próximo, levar o gás produzido na Guiné Equatorial ou em Moçambique cortado com hidrogénio verde produzido em Portugal.
"Isto pode ser uma grande oportunidade de comunhão energética na CPLP", disse.
Num outro domínio, o ministro do Comércio, Indústria e Energia de Cabo Verde, Alexandre Dias Monteiro, considerou a mobilidade dentro do espaço da comunidade lusófona como "um fator crítico" para a criação de um "quadro favorável" aos negócios e ao investimento estrangeiro.
"A mobilidade é um fator crítico de contactos e intercâmbios entre as empresas e empresários", disse, sublinhando os avanços alcançados neste domínio nos últimos anos, que deverão permitir a assinatura de um acordo de mobilidade na próxima cimeira de Chefes de Estado e de Governo, em julho, em Luanda.
Por seu lado, o ministro da Economia da Guiné-Bissau, Vitor Mandinga, defendeu a criação de uma agência de promoção de investimento ao nível da comunidade que permita uma articulação com as agências de cada um dos países.
"Esse mecanismo é indispensável para tornar mais homogénea a legislação sobre o investimento e mais harmonizada a distribuição de oportunidades de investimento pelos países", disse, considerando que falta aos empresários "informação transversal" sobre toda a CPLP.
A ministra dos Negócios Estrangeiros de São Tomé e Príncipe, Edite Ten Jua, destacou a importância de criar um clima de confiança para atrair investimentos, nomeadamente ao nível da proteção jurídica e da justiça fiscal, bem como da simplificação dos procedimentos administrativos, a par com a existência de infraestruturas e meios de transporte e comunicações.
A Guiné Equatorial acolhe até sexta-feira a primeira cimeira de negócios da CE-CPLP, que reúne 250 empresários de Portugal, Angola, Moçambique e Cabo Verde.
A agência Lusa viajou para a Guiné Equatorial a convite da Confederação Empresarial da Comunidade de Países de Língua Portuguesa
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