O relatório mais recente da Procuradoria-Geral da República e da Provedoria inclui as denúncias de 548 pessoas desaparecidas, das quais 189 foram localizadas, enquanto 359 casos ainda estão em fase de verificação.
Embora a maioria das pessoas dadas como desaparecidas possam ter sido detidas pela Polícia durante os protestos, que começaram em 28 de abril, organizações civis e internacionais pedem às autoridades que acelerem as buscas devido às denúncias de abusos que recaem sobre as formas policiais.
A Amnistia Internacional (AI) alertou na sexta-feira que a polícia colombiana "usou a força de forma indiscriminada e desproporcional", e que foram registados "números alarmantes de violência sexual e desaparecimento de pessoas".
Organizações de direitos humanos temem que os desaparecidos sejam vítimas de agressões físicas, violência sexual e até tortura, conforme os relatos de vários cidadãos que permaneceram detidos por longas horas nas esquadras da polícia.
Desde o início das manifestações que a polícia tem sido acusada de vários crimes contra pessoas detidas.
"As autoridades colombianas devem investigar todas as denúncias de violações de direitos humanos e crimes de direito internacional de maneira ágil, imparcial e exaustiva, garantindo os direitos e a segurança das vítimas e testemunhas", disse a diretora para as Américas da AI, Erika Guevara.
Guevara também alertou que "a impunidade não deve prevalecer diante desses graves crimes" e exigiu que o Presidente Duque se pronuncie sobre os factos porque "o silêncio não deixa nada além de um véu de impunidade e cumplicidade".
Pelo menos 27 pessoas morreram durante as manifestações, segundo o Ministério Público, que esclareceu que dessas mortes, 11 estão diretamente ligadas aos factos, sete estão "em fase de apuramento" e nove não têm relação com os protestos.
No entanto, a ONG Temblores fala em 37 mortes, 1.708 casos de uso abusivo da força, pelo menos 26 vítimas de agressão ocular, 234 casos de violência física e 934 prisões arbitrárias contra manifestantes, bem como casos de violência sexual contra 11 pessoas.
O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia respondeu às reclamações da comunidade internacional e assegurou que o Governo tem instituições autónomas a investigar "para garantir que os casos de possível violação dos direitos humanos ou o uso excessivo da força são devidamente punidos".
Os protestos começaram contra a já retirada reforma tributária do Governo, mas continuam contra a tentativa de reformar a saúde, a brutalidade policial e a complexa situação de insegurança na Colômbia.
Leia Também: Índios Misak derrubam estátua de conquistador espanhol na Colômbia