Esta posição comum foi transmitida por António Costa e Alberto Fernandez em conferência de imprensa, depois de uma reunião de cerca de hora e meia entre ambos em São Bento, em Lisboa.
Portugal e a Argentina desempenham neste momento, respetivamente, as presidências rotativas do Conselho da União Europeia e do Mercosul, e a conclusão do acordo comercial é o principal tema em negociação entre estes dois blocos económicos.
"Subsistem dificuldades na América Latina e na Europa por causa de países que questionam a natureza desse acordo económico. Temos de trabalhar mais e temos de aproveitar este tempo para ver se podemos resolver um conjunto de acordos complementares, designadamente sobre alterações climáticas e combate à desflorestação. Aqui, em concreto, podemos avançar", declarou Alberto Fernandez
No Governo argentino, segundo Alberto Fernandez, há a convicção de que a questão das alterações climáticas "é central e é um problema que impõe abordar a nível mundial".
"A Argentina é igualmente reserva de grandes espaços verdes, por exemplo áreas tropicais na nossa zona das Missões - uma região com cinco milhões de hectares e que nós cuidamos como pulmão do mundo", declarou o chefe de Estado da Argentina.
Sobre a questão do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, o primeiro-ministro português considerou que "tem um imenso potencial económico" para os dois blocos regionais e mesmo "à escala global".
"Ultrapassada a pandemia da covid-19, a grande prioridade será a reconstrução das economias e vencer a crise social. Ora, nesse quadro, esse acordo comercial vai ser muito importante", defendeu.
Numa tentativa de desdramatizar a atual situação, António Costa referiu que, "como sempre em negociações de acordos comerciais, há problemas, porque há interesses de um lado e do outro, o que é normal".
"Mas há algo muito importante que podemos fazer desde já: Um compromisso complementar sobre os temas críticos das alterações climáticas e da proteção das florestas. Sobre isso, penso que estamos em condições de poder avançar", sustentou.
Para o primeiro-ministro, "este é o momento em que a Comissão Europeia tem o dever de apresentar a sua proposta".
"Creio que há condições agora - algo que não havia há um ano - para podermos encontrar um acordo rápido sobre esses dois temas, que julgo serem consensuais entre os 27 Estados-membros da União Europeia e entre todos os países do Mercosul. Neste momento, estamos a pedir urgência para se avançar agora e resolver esses temas", insistiu.
Na perspetiva do líder do executivo português, resolvido os temas ambientais, "todo o clima político vai mudar completamente entre a União Europeia e o Mercosul".
"Isso permitir-nos-á avançar depois para completar o acordado ao nível comercial. Esse é um sinal muito importante e de confiança para os agentes económicos, que passam a ter ideia de que, no espaço de um ou dois anos, terão um acordo comercial muito potente", acrescentou.
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