Timor-Leste regista segundo dia com mais casos desde o início da pandemia

Timor-Leste registou hoje 239 novos casos de infeção com o SARS-CoV-2, o segundo maior número de sempre, depois do máximo registado na quinta-feira, com a grande maioria na capital, Díli.

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Lusa
14/05/2021 10:08 ‧ 14/05/2021 por Lusa

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Covid-19

 

Em conferência de imprensa online, Rui Araújo, um dos coordenadores do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC) explicou que se registaram 198 novas infeções em Díli, 20 em Baucau, 10 em Viqueque, cinco em Liquiçá e quatro em Manatuto e um cada em Bobonaro e Ermera.

Do total de casos registados no último dia, 26 tinham sintomas da covid-19.

Rui Araújo confirmou hoje que o surto detetado na cadeia de Becora "afeta 39,5% da população prisional de 557 pessoas", com um total de 220 casos de infeção detetados no centro prisional nos últimos dois dias, onde se registou na quinta-feira um óbito.

"As autoridades do Ministério da Saúde e do Ministério da Justiça estão a trabalhar em conjunto para organizar o isolamento dentro do estabelecimento prisional. Do ponto de vista de saúde pública é importante isolar os que já foram detetados para não contraírem a doença", disse.

"Os números de hoje demonstram que 60% da população prisional não está infetada e por isso é preciso que sejam protegidos nesse sentido. Uma das medidas é isolar os casos positivos e isso foi a decisão tomada", explicou.

Rui Araújo explicou hoje alguns detalhes sobre o caso de duas das mortes registadas na quinta-feira (além do recluso de Becora), referindo que nos dois casos as famílias recusaram aceitar o diagnóstico de que as vítimas estavam infetadas.

"No caso de Caicoli, em Díli, o caso foi detetado em 07 de maio, mas a família e a comunidade em redor contestaram o resultado, e não quiseram aceitar que era covid-19. A senhora tinha comorbidade e ontem [quinta-feira] o Hospital Nacional Guido Valadares (HNGV) relatou que a senhora foi transportada pela família, mas morreu no caminho do hospital", disse.

"A família continua a contestar que a senhora estava infetada, apesar dos esforços feitos pelos líderes comunitários, pela administração municipal de Díli e também pelas equipas de saúde a mostrar dados do laboratório, mas não querem aceitar", disse.

Rui Araújo disse que a família rejeitou que o protocolo de funeral a aplicar a pessoas que morreram infetadas, o que "naturalmente representa riscos adicionais de propagação do vírus na família e na vizinhança".

No segundo caso, na vila de Liquiçá, a oeste de Díli, a paciente foi testada em 11 de maio, depois de se apresentar nos serviços de saúde com sintomas respiratórios.

"Mas rejeitou hospitalização e ontem faleceu. Neste caso os familiares aceitaram aplicar o protocolo de covid-19 e o serviço de saúde do município com apoios do MS e CIGC está a apoiar", disse.

Nas últimas 24 horas registaram-se 86 casos recuperados, para um total de 1.968 ativos (novo máximo) e o número total de casos acumulados desde o início da pandemia a ultrapassar pela primeira vez os quatro mil, para um total de 4.118.

Os casos positivos detetados em Díli corresponderam a 21,3% dos 931 testes realizados enquanto os detetados nos municípios correspondem a 7,7% dos 531 testes realizados.

"Os dados relatados hoje mostram uma evolução da taxa de incidência que é atualmente de 12,5/100 mil habitantes e 40,8/100 mil habitantes em Díli. O risco no município de Díli é hoje muito grande", explicou.

No centro de isolamento de Vera Cruz estão atualmente 26 pessoas, das quais cinco em estado grave, com necessidade de respiração assistida.

"Com o aumento detetado de casos, o número de casos moderados e graves que requerem hospitalização também está a aumentar", sublinhou Araújo.

Rui Araújo admitiu que é necessário aumentar a capacidade de testagem do Laboratório Nacional, que já foi reforçada nos últimos dois meses e que consegue realizaram entre 1.600 e 1.700 testes diários.

"Vai ser necessário aumentar mais as facilidades em termos de equipamentos para os testes de PCR e de pessoal técnico. Está-se a estudar essa possibilidade para nas próximas 4 a 6 semanas ter maior capacidade porque há necessidade de fazer mais testes", sustentou.

Leia Também: Timor-Leste com mais três mortos e recorde de 253 infeções diárias

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