Autoridade Palestiniana critica "ataques cobardes" de Israel

A Autoridade Palestiniana criticou hoje os "ataques cobardes" de Israel na Faixa de Gaza na abertura de uma reunião de emergência, no Dubai, da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), garantindo que os palestinianos "resistirão até ao fim".

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© NurPhoto via Getty Images

Lusa
16/05/2021 12:53 ‧ 16/05/2021 por Lusa

Mundo

Israel/Palestina

 

"Precisamos de dizer a Alá que iremos resistir até o último dia. Estamos a enfrentar uma ocupação de longo prazo e essa é a base do problema. Os crimes são cometidos contra os palestinianos sem consequências", afirmou Riad Malki, ministro dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana, que administra os enclaves autónomos na Cisjordânia ocupada por Israel.

No entanto, a Autoridade Palestiniana não tem controlo sobre a Faixa de Gaza, onde o Hamas tomou o poder em 2007.

A reunião de hoje marca praticamente o regresso da OCI à cena internacional, depois de, tal como referiu hoje a agência noticiosa Associated Press (AP), "algum silêncio", devendo os 57 Estados-membros muçulmanos analisar o conflito armado entre Israel e o grupo islâmico xiita Hamas.

Enquanto a Liga Árabe e a OCI, com sede na Arábia Saudita, mantiveram a visão de que os palestinianos devem ter o seu próprio Estado independente, Israel estabeleceu recentemente acordos de relações diplomáticas com vários dos membros da organização muçulmana, nomeadamente o Bahrein e os Emirados Árabes Unidos (EAU).

Segundo comenta a AP, a normalização dessas relações e as preocupações de alguns países sobre as posições do Hamas geraram uma resposta "um tanto silenciosa aos ataques", em oposição à resposta violenta de décadas passadas.

Na reunião de hoje da OCI, uma organização inter-governamental com uma delegação permanente junto às Nações Unidas, que também hoje está reunida de emergência para debater o mesmo assunto, o chefe da diplomacia turca, Mevlut Cavusoglu, alinhou pelo diapasão do homólogo palestiniano.

"Israel é o único responsável pela recente escalada em Jerusalém Oriental, na Cisjordânia e em Gaza. As nossas advertências contra Israel na semana passada foram ignoradas", acusou Cavusoglu.

Em toda a Península Arábica e nos Estados do Golfo Pérsico as reações aos combates foram mistas.

No Qatar, lar da cadeia televisiva Al-Jazeera, centenas de pessoas assistiram na noite de sábado a um discurso do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, que tem dividido o tempo entre Ancara e Doha, que apoiam o movimento islâmico xiita, tal como o Irão.

"A resistência não cederá e é o caminho mais curto para Jerusalém", frisou Haniyeh, que garantiu que os palestinianos "não aceitarão nada menos do que um Estado com Jerusalém como sua capital".

Fontes oficiosas indicaram hoje que o presidente do Parlamento do Kuwait conversou no sábado com Haniyeh, com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar e ainda com o general Esmail Ghaani, chefe das Forças expedicionárias Quds da Guarda Revolucionária paramilitar do Irão, mas nada transpareceu das conversas.

Depois, ressalva a agência de notícias norte-americana, há o Bahrein e os EAU, os dois Estados do Golfo Árabe que, nos últimos meses da administração norte-americana de Donald Trump, normalizaram as relações diplomáticas com Israel.

Os dois países, bem como a Arábia Saudita, reiteraram, contudo, o apoio à obtenção de um Estado palestiniano independente.

No entanto, a imprensa estatal ligada ao Governo desses três países não tem feito qualquer cobertura noticiosa aos confrontos entre Israel e o Hamas.

No entanto, há cada vez mais rumores de dissidência, refere a agência AP.

No Bahrein, uma nação insular, grupos da sociedade civil assinaram uma carta instando o reino a expulsar o embaixador israelita por causa da violência contra os palestinianos.

Mas nos EAU, onde os partidos políticos e os protestos são ilegais, os trabalhadores palestinianos em Abu Dhabi e no Dubai têm expressado a sua raiva em silêncio, com medo de perderem as autorizações de residência, enquanto começam a surgir vozes a expressar preocupação, tal como o fez o escritor e analista político local Sooud al-Qassemi, que criticou o ataque israelita ao prédio em Gaza que abrigava as redações locais da AP e da Al-Jazeera.

Mas em relação a estes dois Estados-membros da OCI que normalizaram as relações diplomáticas com Israel, o ministro turco dos Negócios Estrangeiros não poupou críticas: "Existem alguns [Estados] que perderam a sua bússola moral e expressaram apoio a Israel. Se há declarações divididas na nossa própria família, como poderemos criticar outras que não levam as nossas palavras a sério?".

Hussein Ibish, académico do Instituto dos Estados do Golfo Árabe, com sede em Washington, disse que a maioria dos líderes do Golfo teme que o lançamento de 'rockets' pelo Hamas seja visto como "cínico, perigoso e desnecessariamente provocador e ameaçador para os israelitas e palestinianos em Gaza".

"Não haverá muita simpatia pelo que é amplamente visto no Golfo como uma retaliação pesada e desproporcional de Israel, mas será muito mais fácil para os líderes do Golfo, e para muitos cidadãos, considerar as retaliações como uma trágica confrontação à custa de pessoas comuns provocada por duas lideranças sobre as quais eles não têm controlo nem responsabilidade", afirmou Ibish.

Leia Também: Gaza. Nova base para meios de comunicação após destruição de edifício

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