Sofia Sapéga é estudante de direito no curso de pós-graduação da Universidade Europeia de Ciências Humanas (EHU), fundada em Minsk em 1992, mas a instituição foi forçada pelas autoridades bielorrussas a transferir as suas atividades docentes para a vizinha Lituânia desde 2004.
Num comunicado, a EHU apelou à libertação imediata de Sofia Sapéga, alegando que esta foi detida domingo em Minsk, por motivos "infundados e inventados". A estudante de direito teria tomado o avião para defender a sua tese de mestrado em Vilnius.
As autoridades bielorrussas detiveram no domingo o jornalista Roman Protasevich, depois de o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, ter ordenado que o voo da companhia aérea Ryanair de Atenas para Vilnius, capital da Lituânia, fosse desviado para o aeroporto de Minsk.
Roman Protasevich, de 26 anos, é o ex-editor-chefe do influente canal Nexta, que se tornou a principal fonte de informação nas primeiras semanas de protestos antigovernamentais após as eleições presidenciais de agosto de 2020.
A companhia aérea irlandesa Ryanair disse hoje que a tripulação do avião em que viajava um jornalista crítico do regime bielorrusso recebeu um aviso de ameaça à segurança a bordo antes de o aparelho ser desviado para Minsk. A empresa de voos 'low-cost' acrescentou que nada foi encontrado após o avião aterrar em Minsk.
A detenção do ativista gerou indignação nos países ocidentais, com a NATO e a União Europeia a levantarem a ameaça de novas sanções contra a Bielorrússia. A França sugeriu hoje uma "proibição do espaço aéreo" da Bielorrússia após o sequestro do avião da Ryanair.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros português considerou "inaceitável" e merecedora de uma "firme condenação" a aterragem forçada na Bielorrússia do avião e pediu a "libertação imediata" do jornalista Roman Protasevich.
Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia devem analisar hoje a possibilidade de novas sanções contra o regime autoritário de Minsk como reação ao desvio do avião.
A Bielorrússia disse que o desvio do avião da Ryanair foi realizado de forma legal.
A companhia aérea regional da Letónia, airBaltic, disse hoje que a partir de agora vai evitar o espaço aéreo bielorrusso e a Lituânia anunciou também hoje que vai proibir voos, de ou para o seu território, que cruzem o espaço aéreo bielorrusso.
Por outro lado, Alexander Lukashenko assinou hoje uma lei que proíbe a imprensa de noticiar em direto os protestos da oposição não autorizados pelo seu regime.
"É proibida a cobertura em tempo real de manifestações que violem a ordem estabelecida, para fins de divulgação ou propaganda. Essa proibição será estendida aos jornalistas", publicou na rede social Telegram a assessoria de imprensa do Presidente.
Perante um vasto movimento de protesto contra a sua reeleição considerada fraudulenta em agosto de 2020, Lukashenko orquestrou uma campanha de repressão contra a oposição e os meios de comunicação independentes do país.
Desde o início dos protestos na antiga república soviética, centenas de jornalistas foram detidos e cerca de 20 estão ainda presos.