Petr Arenberger, dermatologista e venereologista, de 62 anos, estava em funções há 50 dias, desde 07 de abril, e apresentou a demissão por se considerar vítima de um "linchamento mediático" depois de ter admitido um erro ao não declarar a real extensão do seu património, composto por 65 propriedades e um rendimento anual de cerca de 1,2 milhões de euros.
Um portal de investigação local lançou a suspeita depois de pesquisar que o médico e agora ex-ministro declarou, durante o período em que esteve à frente do Hospital Vinohrady da Universidade de Praga, possuir cinco propriedades (imóveis) sem rendimentos para tal.
O primeiro-ministro checo, Andrej Babis, confirmou a demissão e disse que Arenberger lhe telefonou para Bruxelas, onde o chefe do Governo da República Checa está a participar na cimeira de líderes da União Europeia (UE), para anunciar a renúncia.
"É um ano eleitoral e este ministério está muito exposto. Sim, preenchi a declaração de bens de forma incorreta. Foi a única coisa que fiz e sofri um linchamento na imprensa por isso", disse Arenberger ao apresentar hoje a demissão.
"Não acho que seja necessário que a minha família, amigos, colegas e pacientes sejam expostos a esta pressão cada vez mais desagradável durante o meu trabalho pela saúde pública. Estou convencido de que a mudança, neste estágio, não afetará a melhor solução para combater a pandemia ou as etapas estratégicas do ministério", acrescentou.
Arenberger chegou a ministro da Saúde após a renúncia de seu antecessor, Jan Blatný, que se opôs ao uso da vacina russa contra a covid-19 Sputnik V caso não obtivesse o certificado da Agência Europeia de Medicamentos (EMA).
O sucessor de Arenberger será Adam Vojtech, que já foi responsável pela Saúde durante a primeira vaga da pandemia, e renunciou no outono passado, quando o país da Europa Central registou uma das maiores taxas de contágios da Europa.
Desde então, três ministros estiveram em funções: o epidemiologista Roman Prymula, seguido pelo pediatra Blatný e Arenberger.
O número de infeções na República Checa tem vindo a diminuir nas últimas semanas.
O número diário de novos casos caiu para 695 na segunda-feira, depois de, no início de março passado, ter atingido os 17.000.
A República Checa, com cerca de 10,7 milhões de habitantes, acumulou desde o início da pandemia, em fevereiro de 2020, quase 1,7 milhões de casos confirmados e pouco mais de 30.000 mortes.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.475.079 mortos no mundo, resultantes de mais de 167,1 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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