Autoridades de saúde de Moçambique consideram "inevitável" terceira vaga

O diretor-adjunto do Instituto Nacional de Saúde (INS) de Moçambique considerou hoje "inevitável" uma terceira vaga de covid-19 no país, devido à proliferação de novas estirpes mais transmissíveis, defendendo medidas para retardar a eclosão da próxima onda.

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Lusa
27/05/2021 17:56 ‧ 27/05/2021 por Lusa

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Moçambique

"Não há nada que possamos fazer para evitar [uma terceira vaga]. Há muito que podemos fazer para atrasá-la", afirmou o diretor-adjunto do INS, Eduardo Samo Gudo, em declarações à emissora pública Rádio Moçambique.

Aquele responsável avançou que, caso se assista ao mesmo padrão já verificado na África Austral, uma terceira vaga em Moçambique poderá emergir dentro de seis a oito semanas, o que, a acontecer, seria "desastroso, porque iria levar à reintrodução ou reversão de medidas [de prevenção], depois das restrições implementadas entre janeiro e fevereiro, no pico da segunda vaga".

O diretor-adjunto do INS afirmou que o facto de algumas regiões da África do Sul estarem já a registar uma terceira vaga e de aquele país ter uma das quatro variantes já confirmadas no mundo torna incontornável uma terceira vaga em Moçambique.

"A questão é garantir que esta terceira vaga não aconteça tão cedo de modo a mantermos os setores sociais e económicos a funcionar", no atual contexto de restrições, enfatizou.

O país, continuou, deve empenhar-se para que uma eventual nova onda seja "muito suave, com muito menos casos e internamentos, para que o sistema de saúde não fique pressionado e não se percam vidas humanas".

Eduardo Samo Gudo observou que o retardamento iria permitir que o eventual surto chegasse depois da administração da segunda dose da vacina contra a covid-19 em grupos prioritários, nomeadamente profissionais de saúde, doentes crónicos e idosos.

O diretor-adjunto do INS assinalou que as autoridades moçambicanas estão a seguir o "gradualismo" no alívio das restrições contra a pandemia, para proteger e consolidar os ganhos que se seguiram à "situação dramática" do início do ano.

"O pico da pandemia da segunda vaga foi alcançado na semana de 31 de janeiro a 06 de fevereiro, foi a pior semana, a semana mais dramática", frisou.

O país tem registado desde então uma evolução positiva, tendo a taxa de positividade baixado de 31,8% na altura do pico da segunda vaga para menos de 2% na semana passada e o número de óbitos baixou de 88 para cinco na semana passada.

A taxa de ocupação de camas na semana do pico da segunda vaga chegou a quase 100% em Maputo e a 30% em todo o país, mas nas últimas quatro semanas desceu para menos de 5%.

O Presidente moçambicano anunciou na quarta-feira a reabertura das praias, do ensino pré-escolar e o alívio do horário do recolher obrigatório que vigora nalguns pontos do país, no âmbito das restrições para prevenir a covid-19.

"Uma vez mais apelo para que os meus compatriotas compreendam que o alívio das medidas que temos estado a anunciar não deve ser entendido como o fim da pandemia", disse o chefe de Estado moçambicano, numa declaração à nação a partir da Presidência da República, em Maputo.

Moçambique contabiliza um total acumulado desde o início da pandemia de 834 mortes por covid-19 e 70.673 casos de infeção, 98% dos quais recuperados.

Leia Também: AO MINUTO: "Risco mais significativo" em Portugal; Lisboa em alerta

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