"Não há nada que possamos fazer para evitar [uma terceira vaga]. Há muito que podemos fazer para atrasá-la", afirmou o diretor-adjunto do INS, Eduardo Samo Gudo, em declarações à emissora pública Rádio Moçambique.
Aquele responsável avançou que, caso se assista ao mesmo padrão já verificado na África Austral, uma terceira vaga em Moçambique poderá emergir dentro de seis a oito semanas, o que, a acontecer, seria "desastroso, porque iria levar à reintrodução ou reversão de medidas [de prevenção], depois das restrições implementadas entre janeiro e fevereiro, no pico da segunda vaga".
O diretor-adjunto do INS afirmou que o facto de algumas regiões da África do Sul estarem já a registar uma terceira vaga e de aquele país ter uma das quatro variantes já confirmadas no mundo torna incontornável uma terceira vaga em Moçambique.
"A questão é garantir que esta terceira vaga não aconteça tão cedo de modo a mantermos os setores sociais e económicos a funcionar", no atual contexto de restrições, enfatizou.
O país, continuou, deve empenhar-se para que uma eventual nova onda seja "muito suave, com muito menos casos e internamentos, para que o sistema de saúde não fique pressionado e não se percam vidas humanas".
Eduardo Samo Gudo observou que o retardamento iria permitir que o eventual surto chegasse depois da administração da segunda dose da vacina contra a covid-19 em grupos prioritários, nomeadamente profissionais de saúde, doentes crónicos e idosos.
O diretor-adjunto do INS assinalou que as autoridades moçambicanas estão a seguir o "gradualismo" no alívio das restrições contra a pandemia, para proteger e consolidar os ganhos que se seguiram à "situação dramática" do início do ano.
"O pico da pandemia da segunda vaga foi alcançado na semana de 31 de janeiro a 06 de fevereiro, foi a pior semana, a semana mais dramática", frisou.
O país tem registado desde então uma evolução positiva, tendo a taxa de positividade baixado de 31,8% na altura do pico da segunda vaga para menos de 2% na semana passada e o número de óbitos baixou de 88 para cinco na semana passada.
A taxa de ocupação de camas na semana do pico da segunda vaga chegou a quase 100% em Maputo e a 30% em todo o país, mas nas últimas quatro semanas desceu para menos de 5%.
O Presidente moçambicano anunciou na quarta-feira a reabertura das praias, do ensino pré-escolar e o alívio do horário do recolher obrigatório que vigora nalguns pontos do país, no âmbito das restrições para prevenir a covid-19.
"Uma vez mais apelo para que os meus compatriotas compreendam que o alívio das medidas que temos estado a anunciar não deve ser entendido como o fim da pandemia", disse o chefe de Estado moçambicano, numa declaração à nação a partir da Presidência da República, em Maputo.
Moçambique contabiliza um total acumulado desde o início da pandemia de 834 mortes por covid-19 e 70.673 casos de infeção, 98% dos quais recuperados.
Leia Também: AO MINUTO: "Risco mais significativo" em Portugal; Lisboa em alerta