A relação transatlântica é essencial, incluindo para evitar "que um dia se embarque no avião em Lisboa com destino a Helsínquia e se aterre em Minsk", defendeu Nuno Severiano Teixeira na apresentação do livro "Parceiros Desiguais, a Defesa nas Relações Europa-EUA" da investigadora Maria Carrilho, editado pelo Instituto da Defesa Nacional.
"Para que isso não aconteça é importante que mantenhamos a defesa da democracia e da ordem internacional", adiantou o ex-ministro.
O Governo bielorrusso é acusado de ter desviado, no domingo, um avião da companhia aérea irlandesa Ryanair para Minsk (Bielorrússia) a fim de deter o jornalista Roman Protasevich, de 26 anos, que estava a bordo.
Na apresentação do livro da investigadora, professora catedrática e coordenadora do Mestrado em Estudos Europeus no ISCTE/IUL, Nuno Severiano Teixeira defendeu que, para a Europa, a relação transatlântica é hoje central porque "sem o seu parceiro americano corre o risco de vir a tornar-se internacionalmente irrelevante".
E, acrescentou, "num mundo cada vez mais dividido entre democracias e autoritarismos, a relação transatlântica é essencial para reinventar a ordem internacional liberal e fundamental para defender as democracias e os princípios dos direitos humanos".
A apresentação do livro de Maria Carrilho, que passa em revista o longo historial das relações transatlânticas, tendo como fio condutor a questão crucial da Defesa, partindo de documentação inédita, foi feita por Severiano Teixeira e pelo também antigo ministro da Defesa Figueiredo Lopes.
Figueiredo Lopes sublinhou que a publicação deste livro representa "um contributo inestimável" para ajudar a compreender melhor os tempos atuais e o futuro que se avizinha nas relações transatlânticas.
"Hoje vivemos tempos inseguros, com o evidente declínio do multilateralismo e a crescente competição de poder entre os Estados Unidos, a Rússia e a China. Isto acontece ao mesmo tempo que os interesses estratégicos prioritários dos EUA se estão a deslocar da Europa para a região Ásia-Pacifico e com a União Europeia a procurar assumir-se e apetrechar-se como um bloco geopolítico mais unido para melhor competir com outras potências", disse.
Nos últimos anos, acrescentou o antigo governante, as instituições democráticas ocidentais e as relações transatlânticas enfrentaram desafios significativos resultantes de políticas radicais e nacionalistas.
Estas políticas, sustentou, enfraquecem as democracias e atingem as organizações internacionais como a União Europeia e a NATO, pondo em risco acordos vitais com os Estados Unidos.
Foi o ponto que se atingiu, adiantou, durante a presidência de Donald Trump, sendo a administração de Joe Biden um alívio aproveitado pela União Europeia para lançar uma nova agenda UE-EUA para uma mudança global, voltada para o futuro, uma tarefa que a presidência portuguesa da União Europeia tem vindo a assumir. GC // PDF
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