"Não é admissível que um Governo diga que se ataquem as fronteiras, que sejam abertas para que 10.000 pessoas possam entrar num país vizinho devido a desacordos e discordâncias de política externa", salientou Sánchez em resposta a uma declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros marroquino.
Marrocos divulgou hoje uma declaração oficial onde afirmou que a crise entre os dois países não se deve ao facto de o líder da Frente Polisário estar internado num hospital espanhol, mas sim à posição espanhola sobre o Saara Ocidental.
Para Sánchez, esta atitude é "absolutamente inaceitável" e recordou que Marrocos "não deve esquecer que não tem melhor ou maior aliado na UE do que a Espanha", que é um "interlocutor essencial e privilegiado" com a Europa.
"A crise não está ligada ao caso de um homem (...). É, antes de mais, uma história de quebra de confiança e respeito mútuo entre Marrocos e Espanha. É um teste para a fiabilidade da parceria bilateral", de acordo com o texto publicado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros marroquino.
Esta tomada de posição é feita no dia anterior ao que o líder do movimento de independência do Saara Ocidental vai ser ouvido pela justiça espanhola, esta terça-feira.
Brahim Ghali lidera a Frente Polisário e a autoproclamada República Árabe Saarauí Democrática que tem a sua sede em campos de refugiados na região ocidental da Argélia.
Ghali está em convalescença, depois de ter contraído a covid-19, num hospital espanhol e a sua presença em Espanha provocou a fúria de Marrocos, que anexou o Saara Ocidental nos anos 1970 e, tudo indica, incitou a chegada de mais de mais de 10.000 migrantes ilegais - muitos deles crianças não acompanhadas - ao enclave espanhol no norte de África de Ceuta, que faz fronteira com Marrocos.
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