Numa primeira reação norte-americana após o escrutínio de sexta-feira, um porta-voz do Departamento de Estado considerou que "os iranianos foram privados do seu direito a escolher os seus próprios dirigentes através de um processo eleitoral livre e honesto", mas acrescentou que os Estados Unidos vão continuar a participar nas negociações sobre o nuclear iraniano.
Ebrahim Raisi, proclamado hoje vencedor das eleições presidenciais de sexta-feira no Irão, é um clérigo ultraconservador próximo do Guia supremo e responsável pelo poder judicial desde 2019 por decreto de Ali Khamenei.
De acordo com os dados oficiais, o novo chefe de Estado garantiu 61,69% dos votos expressos e com uma taxa de participação de 48,8% entre os cerca de 59 milhões de eleitores, a mais baixa de todas as presidenciais celebradas na República Islâmica.
Proveniente de uma família religiosa em Mashad (nordeste do país), Raisi apresentou-se como candidato às presidenciais de 2017 e obteve 15 milhões de votos (38,5%), sendo o principal rival do ainda Presidente Hassan Rohani, que foi reeleito.
A situação no Irão alterou-se nos últimos quatro anos após a reeleição de Rohani, considerado um moderado e que agora conclui o seu segundo e último mandato consecutivo.
O bloco conservador do país arrasou nas legislativas de 2020, encaradas como um prelúdio do desfecho das presidenciais, e após os candidatos reformistas ou moderados com certas possibilidades terem sido vetados pelo Conselho dos Guardiães, órgão do sistema político que acumula das funções de Conselho constitucional e Comissão eleitoral.
Cinco dos sete candidatos que disputaram a presidência eram conservadores ou conotados com a "ala dura", onde se incluía Ebrahim Raisi, e os restantes dois apontados como reformistas ou moderados apresentavam um modesto perfil.
As eleições presidenciais no Irão surgem num momento crucial, com graves problemas económicos a nível interno acentuados pelas duras sanções impostas pelos Estados Unidos, e caracterizado pelas desconfianças entre potência xiita e os países envolvidos nas novas conversações sobre o acordo nuclear, que poderão aprofundar a fratura entre Teerão e o ocidente.
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