"O chefe do Ipob [sigla inglesa do Movimento Independentista para os Povos Indígenas do Biafra] foi preso em 27 de junho em colaboração com serviços de informações cuja nacionalidade não foi revelada", afirmou o ministro da Justiça e procurador da Nigéria, Abubakar Malami, numa conferência de imprensa e citado pela agência France-Presse (AFP).
Kanu "será julgado sob 11 acusações, incluindo terrorismo", afirmou Malami.
"É acusado de envolvimento em atividades subversivas, incluindo o incitamento de violência contra o Estado nigeriano e as suas instituições através de mensagens transmitidas na televisão, rádio e redes sociais", acrescentou o ministro.
Kanu foi preso pela primeira vez em 2015, tendo sido acusado de "traição", mas foi libertado sob caução - pagou 300 milhões de nairas, o equivalente a cerca de 612 mil euros ao câmbio atual.
O independentista tinha desaparecido em setembro de 2017, após uma rusga do exército nigeriano a sua casa, tendo reaparecido 12 meses mais tarde em Jerusalém e, em janeiro de 2019, no Reino Unido.
Hoje, Kanu foi presente a tribunal, que autorizou a sua detenção e anunciou que o seu julgamento decorrerá em julho.
A porta-voz do Ipob, Emma Powerful, não comentou a notícia da detenção, que surge após meses de agitação no sudeste da Nigéria e a criação do movimento paramilitar da Rede de Segurança do Oriental.
A região, com tendências pró-independência, vive novos surtos de violência, tendo pelo menos 127 polícias ou membros das forças de segurança sido mortos e cerca de 20 esquadras da polícia e gabinetes da comissão eleitoral sido invadidos desde o início do ano, segundo os órgãos de comunicação social locais.
O Ipob reclama a secessão da região do sudeste nigeriano, de maioria igbo, e foi palco de uma guerra civil pela independência que, entre 1967 e 1970, provocou mais de um milhão de mortos.
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