Médicos venezuelanos recomendam recusa de injeções experimentais

A Federação Médica Venezuelana (FMV) recomendou hoje aos venezuelanos que não injetem o produto cubano Abdala contra a covid-19, alertando que "não é uma vacina" mas "um produto biológico experimental".

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Lusa
30/06/2021 20:40 ‧ 30/06/2021 por Lusa

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Covid-19

 

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"Abdala não é uma vacina. É um produto biológico experimental que não foi autorizado pelo Centro de Controlo de Medicamentos de Cuba, nem pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)", afirma o presidente da FMV, Douglas León Natera, em comunicado de imprensa divulgado em Caracas.

A recomendação da FMV tem lugar depois de no passado dia 24 de junho a vice-Presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, ter anunciado, através da televisão estatal, a chegada ao país do primeiro lote de vacinas Abdala, contra a covid-19.

"Os venezuelanos não são cobaias e a Federação Médica alerta a população para não se injetar com essa suposta vacina, que não é uma vacina (...) a saúde não pode ser objeto de políticas partidárias ou ações obscuras", sublinha Douglas León Natera.

Hoje, o subdiretor da OPAS, Jarbas Barbosa, explicou aos jornalistas que o produto cubano candidato a vacina Abdala não está autorizado para uso de emergência pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Seria muito importante que os produtores da vacina Abdala pudessem, se concluíram todos os estudos das fases 1, 2 e 3, publicar esses dados em revistas científicas para que a comunidade científica possa avaliar e conhecer esses dados de forma pública", disse durante a conferência de imprensa semanal da OPAS.

Jarbas Barbosa explicou que enquanto a Abdala não for autorizada pela OMS, não pode ser incluída no Fundo Rotatório de Vacinas nem no Fundo de Acesso Global para Vacinas Covid-19 (Covax).

Questionado sobre o uso de Abdala na Venezuela, explicou tratar-se de uma "decisão soberana", mas recomendando que as autoridades "divulguem o que avaliaram, como foi o processo de avaliação e qual o estado da autorização, de forma muito transparente".

Caracas recebeu em 24 de junho recebeu o primeiro lote do produto cubano Abdala para imunizar a população contra a covid-19, como então anunciou Delcy Rodríguez.

"Assinámos contratos para 12 milhões de vacinas Abdala, que receberemos nos próximos meses", disse a governante, sem precisar o total de doses já recebidas, e afirmando que goza de uma eficácia "das melhores do mundo", disse à televisão estatal venezuelana.

Na segunda-feira a Sociedade Venezuelana de Infetologia (SVI) alertou que a Venezuela "está exposta" a uma terceira vaga da pandemia e que é necessário acelerar a vacinação, melhorar o sistema de diagnóstico e educar a população.

Desde março de 2020 que a Venezuela está em quarentena preventiva e atualmente tem um sistema de sete dias de flexibilização, seguidos de outros sete dias de confinamento rigoroso.

O país contabilizou 3.101 mortes e 271.679 casos da doença, desde o início da pandemia, de acordo com dados oficiais.

Em 30 de maio de 2021 a Venezuela iniciou um programa de vacinação da população, tendo recebido 3 milhões de doses das vacinas Sinoparm (chinesa), Sputnik V (russa) e da Abdala (candidata a vacina, fabrica em Cuba).

Os profissionais de saúde têm alertado que são necessárias 40 milhões de doses de vacinas para imunizar a população. Também que apenas 42% dos trabalhadores do setor foram vacinados e que morreram 683 médicos e enfermeiros por razões associadas à covid-19.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos 3.893.974 vítimas em todo o mundo, resultantes de mais de 179.516.790 casos de infeção diagnosticados oficialmente, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença respiratória é provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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