Hamlet Lavastida, de 38 anos, conhecido por criticar o Governo cubano em vídeos, obras e instalações "tem instigado e convocado ações de desobediência civil na via pública, usando as redes sociais e influenciando diretamente os outros", apontam as autoridades, segundo a publicação estatal, 'Razones de Cuba'.
Nos últimos meses Lavastida, que estuda numa residência artística na Alemanha, "orientou outros contrarrevolucionários a criarem uma organização política" para "confrontá-la com as instituições do Estado" e "exigir a renúncia do Governo, entre outras propostas", acrescenta o mesmo órgão de comunicação do Estado.
O artista, que regressou de Berlim para Havana em 21 de junho, foi detido no dia 26, por agentes da segurança do Estado e transferido para Villa Marista, o principal quartel-general do órgão de contraespionagem militar cubano.
As autoridades divulgaram à sua companheira, a poetisa Katherine Bisquet, que Lavastida está a ser investigado devido a conversações numa sala de conversação privada de um grupo de artistas da oposição '27N' na rede social Telegram.
Nessa conversação, o artista terá dado a ideia de marcar notas com carimbos de organizações da oposição, embora essa ideia nunca se tenha materializado.
Segundo o Código Penal cubano, a instigação à prática de um crime pode levar à "pena privativa de liberdade de três meses a um ano ou a uma multa".
Ativistas do '27N' apresentaram um pedido de 'habeas corpus' a solicitar a libertação de Lavastida e aguardam que o Ministério Público se pronuncie sobre "se o caso irá prosseguir ou não", revelou a sua companheira à agência EFE, realçando que Lavastida não cometeu qualquer crima.
Também outros artistas estão neste momento detidos, como o cantor Maykel Osorbo, os ativistas Thais Mailén e Esteban Rodríguez, bem como Luis Robles, um jovem que mostrou um cartaz em público a pedir a libertação de outro detido.
Várias organizações têm denunciado o aumento da repressão a opositores e jornalistas independentes, sobretudo aqueles ligados ao mundo da arte e entretenimento.
A detenção de Lavastida foi denunciada ou questionada por organizações como a Amnistia Internacional, a 'Human Rights Watch', o Governo dos Estados Unidos e o Parlamento Europeu.
O Parlamento Europeu aprovou no início de junho uma resolução em que denuncia a falta de progresso em questões de direitos humanos, liberdades fundamentais, condições económicas e sociais e direitos e liberdades cívicas dos cubanos.
O Governo de Cuba considera as vozes críticas como entidades pagas pelos Estados Unidos para subverter a ordem pública e derrubar o sistema socialista de partido único que está em vigor na ilha há mais de 60 anos.
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