"Os requisitos parlamentares para formar um executivo de direita não existem. E simplesmente uma questão matemática", disse Kristersson em conferência de imprensa, explicando que 175 dos 349 deputados votariam contra si.
Kristersson recebeu na quarta-feira instruções do presidente do Parlamento sueco, Andreas Norlén, para tentar formar Governo, após a renúncia, na segunda-feira, do primeiro-ministro social-democrata, Stefan Lofven.
A escolha de Kristersson deve-se ao facto de ele liderar o Partido Moderado, o maior dos quatro que apoiaram a moção de censura, que foi aprovada na passada semana, e de ele ser o candidato com maior apoio entre os líderes partidários, já que após as eleições gerais de 2018 foi o primeiro escolhido para tentar formar um Governo.
A decisão de renunciar ao mandato foi já comunicada ao presidente do Parlamento, Andreas Norlen, que deverá agora eleger outro candidato, previsivelmente Lofven.
A decisão de Kristersson era esperada, uma vez que a líder centrista, Annie Lööf, chave para uma maioria, reiterou que rejeitaria qualquer Governo que dependesse dos votos do partido de extrema-direita Democratas da Suécia (SD).
Norlen disse na terça-feira que a sua intenção é que até ao final de julho haja um novo Governo ou que se tenham celebrado quatro votações fracassadas no Parlamento, o que significaria a convocação automática de eleições extraordinárias.
Lofven, o primeiro governante sueco a cair por causa de uma moção de censura, tinha até segunda-feira para decidir se convocava eleições extraordinárias (as primeiras desde 1958) ou se renunciava ao cargo, o que fez devido à situação gerada pela pandemia de covid-19 e devido à proximidade das eleições gerais.
A moção foi possível porque o Partido de Esquerda, aliado externo do primeiro-ministro, somou os seus votos aos da extrema-direita, dos conservadores e dos democratas-cristãos.
Lofven governou em minoria graças a um acordo assinado em janeiro de 2019 com liberais e centristas, que permitiu isolar os Democratas Suecos, de extrema-direita, a terceira força parlamentar.
A Esquerda -- que ficou fora do pacto governamental, mas ao qual garantiu maioria parlamentar - tinha avisado em 2019 que retiraria o seu apoio se fossem cumpridos dois pontos do acordo entre centristas e liberais: as reformas do mercado de trabalho e o novo regime de rendas.
Conservadores e democratas-cristãos modificaram a sua posição há um ano e concordaram em governar no futuro com o apoio dos Democratas Suecos, opção a que o Partido Liberal validou.
Lofven poderia ter conseguido uma maioria - no caso hipotético de chegar a um acordo que satisfizesse tanto os centristas quanto a esquerda - embora os centristas reiterem agora a sua intenção de não se entenderem com a esquerda ou com a extrema-direita.
Ainda assim, ter uma maioria no Parlamento não é um requisito essencial na Suécia para ser eleito primeiro-ministro, bastando não contar com uma maioria contra.