Um novo livro sobre Donald Trump revela que, durante uma visita à Europa para a comemoração do centenário do fim da Primeira Guerra Mundial, o então presidente dos Estados Unidos fez uma afirmação que “chocou” o seu chefe de gabinete na altura, John Kelly.
“Hitler fez muitas coisas boas”, disse Trump no decurso de uma conversa com Kelly, que lhe explicava alguma da história do conflito e sobre Adolf Hitler, que após a Primeira Guerra Mundial ascenderia ao poder na Alemanha.
‘Frankly, We Did Win This Election’ é um livro da autoria do jornalista do Wall Street Journal, Michael Bender, e vai ser publicado na próxima semana. O The Guardian teve acesso a uma cópia e desvenda alguma das suas passagens, e em particular esta.
No livro, Bender refere que John Kelly estava a ligar “os pontos da Primeira Guerra Mundial para a Segunda Guerra Mundial e todas as atrocidades de Adolf Hitler”, mas isso não impediu Trump de fazer a polémica e elogiosa afirmação sobre o líder nazi.
Bender, que cita fontes anónimas, conta que John Kelly “disse ao presidente que ele estava errado, mas Trump não foi desencorajado”, e logo de seguida enfatizou a recuperação da economia alemã sob a liderança de Hitler nos anos 30 do século passado.
O chefe de gabinete insistiu e argumentou que “os alemães teriam ficado melhor pobres do que sujeitos ao genocídio nazi”, e acrescentou a Trump que, mesmo que se a sua afirmação sobre a economia alemã naquele período fosse verdade, “não pode alguma vez dizer nada que apoie Adolf Hitler”.
Michael Bender, que já teve a oportunidade de entrevistar Trump após este ter perdido as eleições e ter deixado a Casa Branca, assinala que o antigo presidente nega ter feito tal afirmação sobre Hitler.
No livro, Bender sublinha ainda que John Kelly tentou superar a “incrível indiferença pela história” por parte de Trump.
“Responsáveis seniores descrevem o seu (Trump) entendimento da escravatura, de Jim Crow, ou da experiência dos negros no pós-guerra civil entre vago e inexistente”, escreve Bender na obra. “Mas a indiferença de Trump pela história dos negros foi semelhante à sua indiferença pela história de qualquer raça, religião ou credo”, prossegue ao autor.
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