Covid-19: ONG alerta para terceira vaga "devastadora" na África Austral
A África Austral enfrenta uma "devastadora" terceira vaga de covid-19, mas a vacinação na região continua "uma miragem", alertou hoje a Amnistia Internacional (AI), criticando a inação das organizações regionais e da comunidade internacional na resposta à pandemia.
© Reuters
Mundo Pandemia
Num novo relatório sobre o impacto da pandemia, a organização não-governamental (ONG) nota que na região sul do continente africano já morreram mais de 74.000 pessoas devido à covid-19, com a África do Sul, Zâmbia e Namíbia a registarem os maiores números de novas infeções.
A par com a rápida propagação das infeções, está a escassez de vacinas em países com elevados níveis de pobreza e desigualdade, aponta a Amnistia Internacional.
A AI integra um grupo de 27 organizações não-governamentais que estão a apelar aos governos, líderes regionais e empresas, "para que intensifiquem os esforços no combate à pandemia e aumentem os recursos para vacinar, rapidamente, o maior número de pessoas possível".
"Várias zonas do mundo têm pouco ou nenhum acesso a vacinas e, por essa razão, uma pessoa continua a morrer de covid-19 a cada 11 segundos - a maioria em países com rendimentos mais baixos", disse a secretária-geral da Amnistia Internacional, Agnès Callamard.
"A igualdade no acesso às vacinas não deve basear-se no local onde se vive, é um direito humano básico", acrescentou, considerando que, na África Austral, devido à complexidade dos direitos de propriedade intelectual, da procura global e da oferta limitada, "o acesso à vacina mantém-se uma hipótese distante".
Agnès Callamard recordou que esta semana foram ultrapassados, globalmente, os quatro milhões de mortes por covid-19, considerando que se trata de um "marco devastador" que "deveria estimular governos e empresas mais ricos a uma ação imediata".
A Amnistia Internacional tem a correr a petição "Uma dose de Igualdade", um apelo global para que as empresas farmacêuticas retirem as proteções à propriedade intelectual, que restringem a produção e fornecimento de vacinas.
A organização adianta que, em particular, na região da África Austral as taxas de vacinação "têm sido baixas", devido à oferta limitada de vacinas e às limitações de recursos causadas pelo agravamento da situação económica na região.
A AI critica a "inação" da Comunidade Económica dos Estados da África Austral (SADC), considerando que, apesar dos discursos públicos, a organização regional continua a "falhar no uso da sua influência para liderar o debate sobre vacinação na região".
Por outro lado, identifica os desafios económicos "como uma causa fundamental da sua incapacidade de responder eficazmente à pandemia e de aceder às vacinas".
Sustenta que "uma crise de dívida iminente" reduziu significativamente a capacidade dos Estados da SADC de responder à pandemia, apontando que países como a Zâmbia estão a gastar quatro vezes mais no pagamento da dívida do em saúde pública.
Por isso, a ONG apela aos principais atores regionais e internacionais para que tomem "medidas urgentes" que reduzam os compromissos com a dívida e deem aos países da África Austral "o espaço fiscal necessário para enfrentarem o seu défice socioeconómico relacionado com a pandemia, bem como para assegurarem uma recuperação sustentável pós-covid-19".
O continente africano regista desde o início da pandemia mais de 5,7 milhões de casos de covid-19, de que resultaram quase 150 mil mortes, sendo a África Austral a região mais afetada do continente, com 2,6 milhões de casos e mais de 74 mil óbitos associados à covid-19.
A África do Sul é o país africano mais afetado pela pandemia, contabilizando mais de dois milhões de casos e 62.628 mortes.
Globalmente, a pandemia de covid-19 provocou pelo menos 4.013.756 mortos, resultantes de mais de 185,5 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente feito pela agência France-Presse.
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