"Organização pode mobilizar opinião pública sobre Cabo Delgado"

O antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano defendeu hoje que a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) pode ter um papel relevante ao mobilizar a opinião pública internacional a favor da luta contra o terrorismo em Cabo Delgado.

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Lusa
12/07/2021 08:30 ‧ 12/07/2021 por Lusa

Mundo

Chissano

 

Sem excluir outros papéis que possam caber à organização, o ex-chefe de Estado referiu, em entrevista à Lusa, que este pode estar entre os mais simples de concretizar.

O que se passa no norte de Moçambique é uma violência armada que Chissano classifica como "terrorismo internacional" e que "devia ser agarrado pela CPLP com muta força", no sentido de "denunciar" a situação e "mobilizar a opinião pública internacional contra esse terrorismo", disse. 

O antigo chefe de Estado e combatente pela libertação de Moçambique traça um paralelo: "nós ganhámos [a guerra] contra o colonialismo português precisamente porque nós, Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique], soubemos mobilizar a opinião publica internacional, estava connosco", destacou.

"Nada se exclui" no apoio que a CPLP pode dar a Moçambique, mas a ideia de mobilizar a opinião pública internacional é sugerida por Chissano como uma das "coisas mais simples para fazer", porque outras - por exemplo, as que envolvam recursos militares - dependem de diferentes procedimentos a tomar por cada país. 

Entre os membros da CPLP, Portugal já participa nos apoios de combate ao terrorismo, acrescentou - numa alusão ao treino que está a ser dado a tropas moçambicanas no sul do país.

A organização pode ajudar a dar corpo à "preocupação de encontrar formas de apoio a Moçambique", uma necessidade que Chissano considera "útil" colocar em evidência, face à natureza externa da ameaça.

"Isto é terrorismo internacional", sublinhou na entrevista à Lusa, "pelas figuras detetadas" no conflito e pelo "seu envolvimento em ataques", referiu.

Os Estados Unidos da América (EUA) declararam a 10 de março os grupos que atormentam Cabo Delgado como uma organização terrorista liderada por Abu Yasir Hassan, tanzaniano declarado líder da organização 'jihadista' ISIS-Moçambique.

Grupos armados aterrorizam a província desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo Estado Islâmico.

Há mais de 2.800 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 732.000 deslocados de acordo com as Nações Unidas.

Joaquim Chissano foi presidente de Moçambique entre 1986 e 2005, ou seja, estava em funções quando a CPLP foi criada, a 17 de julho de 1996.

A Cimeira de Luanda, agendada para sexta e sábado, é dedicada ao tema "Fortalecer e Promover a Cooperação Económica e Empresarial em Tempos de Pandemia, em prol do Desenvolvimento Sustentável dos Países da CPLP".

A CPLP é constituída por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

 

 

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