Sem excluir outros papéis que possam caber à organização, o ex-chefe de Estado referiu, em entrevista à Lusa, que este pode estar entre os mais simples de concretizar.
O que se passa no norte de Moçambique é uma violência armada que Chissano classifica como "terrorismo internacional" e que "devia ser agarrado pela CPLP com muta força", no sentido de "denunciar" a situação e "mobilizar a opinião pública internacional contra esse terrorismo", disse.
O antigo chefe de Estado e combatente pela libertação de Moçambique traça um paralelo: "nós ganhámos [a guerra] contra o colonialismo português precisamente porque nós, Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique], soubemos mobilizar a opinião publica internacional, estava connosco", destacou.
"Nada se exclui" no apoio que a CPLP pode dar a Moçambique, mas a ideia de mobilizar a opinião pública internacional é sugerida por Chissano como uma das "coisas mais simples para fazer", porque outras - por exemplo, as que envolvam recursos militares - dependem de diferentes procedimentos a tomar por cada país.
Entre os membros da CPLP, Portugal já participa nos apoios de combate ao terrorismo, acrescentou - numa alusão ao treino que está a ser dado a tropas moçambicanas no sul do país.
A organização pode ajudar a dar corpo à "preocupação de encontrar formas de apoio a Moçambique", uma necessidade que Chissano considera "útil" colocar em evidência, face à natureza externa da ameaça.
"Isto é terrorismo internacional", sublinhou na entrevista à Lusa, "pelas figuras detetadas" no conflito e pelo "seu envolvimento em ataques", referiu.
Os Estados Unidos da América (EUA) declararam a 10 de março os grupos que atormentam Cabo Delgado como uma organização terrorista liderada por Abu Yasir Hassan, tanzaniano declarado líder da organização 'jihadista' ISIS-Moçambique.
Grupos armados aterrorizam a província desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo Estado Islâmico.
Há mais de 2.800 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 732.000 deslocados de acordo com as Nações Unidas.
Joaquim Chissano foi presidente de Moçambique entre 1986 e 2005, ou seja, estava em funções quando a CPLP foi criada, a 17 de julho de 1996.
A Cimeira de Luanda, agendada para sexta e sábado, é dedicada ao tema "Fortalecer e Promover a Cooperação Económica e Empresarial em Tempos de Pandemia, em prol do Desenvolvimento Sustentável dos Países da CPLP".
A CPLP é constituída por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.