Os membros do Conselho "condenam o anúncio feito em Chipre pelos dirigentes turco e cipriota turco a 20 de julho de 2021 sobre a nova reabertura de parte da área cercada de Varosha".
"O Conselho de Segurança expressa o seu profundo pesar perante essas ações unilaterais que vão contra as suas resoluções e declarações anteriores", lê-se no texto acordado, citado pela agência noticiosa francesa AFP, que deverá ser formalmente adotado ainda hoje.
O órgão executivo da ONU exige também "a retirada imediata" desta medida e "de todas as alterações operadas em Varosha desde outubro de 2020", acrescenta a declaração.
"O Conselho de Segurança sublinha a importância do total respeito e da aplicação das suas resoluções, incluindo a transferência de Varosha para uma administração da ONU", segundo o texto redigido pelo Reino Unido.
Inicialmente, estava prevista a aprovação desta declaração na quarta-feira, na sequência de uma reunião à porta-fechada do Conselho de Segurança sobre Chipre há muito tempo agendada, mas sofreu um atraso de dois dias devido a uma "escalada" das posições com o objetivo de condenar a Turquia e endurecer o texto, disse à AFP um diplomata a coberto do anonimato.
Segundo diplomatas, a Índia e a China intervieram para reforçar o projeto inicial.
Este movimento de endurecimento de um texto é raríssimo no Conselho de Segurança da ONU, onde as declarações geralmente são suavizadas ao longo das negociações para obter o apoio do maior número de Estados membros.
Numa visita à República Turca de Chipre do Norte na terça-feira, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que "nenhum progresso nas negociações poderá ser feito sem se aceitar que há dois povos e dois Estados" na ilha.
O território da ilha mediterrânica está dividido entre a República de Chipre -- membro da União Europeia --, que exerce a sua autoridade no sul, e a República Turca de Chipre do Norte (RTCN), autoproclamada em 1983 e reconhecida apenas por Ancara.
O Presidente turco anunciou também a continuação da reabertura de Varosha, cidade-fantasma que simboliza a divisão da ilha.
As suas tomadas de posição foram condenadas na quarta-feira pelos Estados Unidos, a Grécia, a ONU, a Rússia e a União Europeia.
As negociações para solucionar o conflito estão num impasse desde 2017.
Em abril deste ano, foi feita uma tentativa de relançamento das conversações pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, cuja organização monitoriza uma zona-tampão entre as duas partes da ilha, mas saldou-se num fracasso.
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