"Há uma situação delicada em Cuba porque estão a sofrer com o bloqueio, algo que considero desumano porque é uma medida extrema, medieval, que mostra um grande atraso na política externa [dos Estados Unidos]", declarou o chefe de Estado mexicano na sua habitual conferência de imprensa diária.
Lopez Obrador reafirmou a posição do México contra o embargo, tal como manifestou um dia depois dos inéditos protestos de 11 de julho em Cuba contra o Governo do Presidente cubano, Miguel Díaz-Canal.
Apesar de destacar que as relações com os Estados Unidos "são muito boas", o Presidente mexicano reiterou o apelo feito segunda-feira ao homólogo norte-americano, Joe Biden, para reconsiderar as medidas de bloqueio à ilha das Caraíbas.
"Acredito que o Governo dos Estados Unidos dê uma resposta positiva, porque não é conveniente uma política deste género. Podemos ter diferenças, mas não se pode deixar à sua sorte um povo à fome e à mercê de doenças", sustentou.
Questionado sobre eventuais represálias de Washington às suas palavras, Lopez Obrador descartou a possibilidade de sanções.
"Não, porque somos um país independente, livre, soberano e estamos a atuar dentro dessas regras", respondeu.
Cuba foi nos últimos dias palco da maior mobilização social deste século, no quadro de uma crise sanitária e económica, agravada pela pandemia de covid-19.
Desde que começaram os protestos, a postura de Lopez Obrador tem passado pela defesa do fim do embargo norte-americano a Cuba, tendo também manifestado apoio ao homólogo cubano.
"Sim, há comunicação e recebi uma carta dele [Díaz-Canal] a explicar a difícil situação devido ao bloqueio", revelou Lopez Obrador, adiantando que o Governo mexicano enviou alimentos, medicamentos e oxigénio para Cuba por via marítima.
Apesar de não ter especificado quantos lotes enviou no total, López Obrador disse que um navio partirá ainda hoje, seguindo outro na quarta-feira.
"[O bloqueio] não tem nada a ver com a fraternidade que deveria existir entre os povos do mundo, por causa desse bloqueio é difícil [os cubanos] comprarem alimentos, medicamentos e oxigénio", disse o Presidente mexicano, que lembrou que, na última votação das Nações Unidas, 184 países votaram a favor do fim do embargo.
A 24 deste mês, num discurso perante a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), López Obrador pediu para que se declarasse Cuba como "património da humanidade" por "resistir" aos Estados Unidos.
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