Navalny apela à mobilização após bloqueio de página da Internet

O opositor russo Alexei Navalny apelou hoje aos seus apoiantes para se mobilizarem face à aproximação das eleições legislativas de setembro na Rússia, um dia após as autoridades de Moscovo terem encerrado dezenas de portais ligados ao movimento oposicionista.

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Lusa
27/07/2021 17:20 ‧ 27/07/2021 por Lusa

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Rússia

O regulador dos 'media' da Internet russo Roskomnadzor bloqueou segunda-feira 49 portais associados a Navalny, entre eles a principal página eletrónica - navalny.com - e o do Fundo de Luta Contra a Corrupção (FBK), que viu impedido o acesso também às delegações regionais da instituição.

Em junho, a justiça russa declarou o FBK - conhecido pelas suas investigações sobre o estilo de vida e peculato das elites russas, e os escritórios regionais que organizam as manifestações e as campanhas eleitorais do oponente --uma associação "extremista". 

Segundo os aliados do opositor russo, o único portal da Internet ainda acessível é o dedicado ao "voto inteligente", técnica promovida por Navalny, detido desde janeiro, que consiste em dar voz a qualquer candidato que consiga vencer o partido Rússia Unida (no poder), seja qual for a sua cor política.

Numa mensagem enviada a partir da prisão, divulgada na rede social Facebook, Navalny pediu aos seus apoiantes para descarregarem a aplicação "voto inteligente", que também permite que os utilizadores leiam o conteúdo constante do seu principal portal.

"Que experiência interessante", escreveu Navalny, referindo-se ao bloqueio dos portais a que está associado.

"Vamos participar e dar um grande pontapé no Rússia Unida, no Kremlin e no Roskomnadzor. Vamos mostrar que as autoridades não terão permissão para governar a nossa amada Internet", acrescentou. 

Hoje de manhã, Leonid Volkov, um dos aliados mais próximos de Navalny, afirmou que Roskomnadzor estava a tentar bloquear os canais do opositor no Youtube, bem como os dos seus escritórios regionais e apoiantes. Os responsáveis por esses canais têm recebido as devidas notificações, afirmou. 

Contactados pela agência noticiosa France-Presse (AFP), o Roskomnadzor e o Google, que controla o YouTube, não fizeram comentários.

O YouTube é uma das plataformas mais populares para visualizar as investigações anticorrupção de Navalny e restante equipa.

O caso com maior impacto mediático foi divulgado em janeiro passado, com que Navalny a acusar o presidente russo, Vladimir Putin, de beneficiar de um "opulento palácio" nas margens do Mar Negro. 

Visto 116 milhões de vezes no YouTube, Putin viu-se na obrigação de negar pessoal e publicamente a acusação.

Segunda-feira, o Roskomnadzor, a pedido da Procuradoria-Geral russa, bloqueou o acesso à página digital do líder opositor porque "continha informação que está proibida na Rússia".

A última investigação publicada na página da Internet de Navalny antes do bloqueio relacionava-se com alegados negócios da família do presidente da câmara baixa do parlamento russo, Viacheslav Volodin, assinalou o portal Meduza.

A decisão implica que qualquer pessoa que se tenha associado a estas três organizações, ou as tenha apoiado de alguma forma, está impedida de se apresentar a cargos públicos por um período de cinco anos.

Para mais, os funcionários e os que estão empenhados em manter ativas as organizações proibidas, arriscam uma pena até seis anos de prisão.

Leia Também: Regulador russo dos 'media' bloqueia acesso à página digital de Navalny

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