"Não há dúvidas de que esta foi uma operação planeada pelos 'chekistas' (termo que designa as forças de segurança de Minsk) para liquidar uma pessoa 'verdadeiramente perigosa' para o regime bielorrusso", disse hoje a organização Maison Belarusian, na Ucrânia, através da rede social Telegram.
Vitali Chychov foi encontrado enforcado num parque em Kiev, disse hoje a polícia ucraniana, acrescentando ter iniciado uma investigação de homicídio.
O líder da organização humanitária Casa da Bielorrússia na Ucrânia tinha sido dado como desaparecido na Ucrânia na segunda-feira, depois de ter saído de casa para fazer exercício físico.
"A polícia abriu um processo penal ao abrigo do Artigo 115 do Código Penal da Ucrânia (homicídio premeditado) e verificará todas as versões possíveis, incluindo a de homicídio apresentado como suicídio", disse a Polícia Nacional da Ucrânia.
"Vitali estava sob vigilância e a polícia (ucraniana) foi notificada. Fomos avisados várias vezes por fontes locais e por pessoas na Bielorrússia sobre a possibilidade de todos os tipos de provocações, incluindo sequestro e liquidação", disse ainda a organização não-governamental na mesma mensagem difundida hoje.
De acordo com a ONG, Vitali Chychov, 26 anos, foi forçado a refugiar-se na Ucrânia no outono de 2020, depois de ter participado em protestos antigovernamentais em Gomel, no sul da Bielorrússia.
Na Ucrânia, Chychov dirigia a organização que fornecia apoio a pessoas que fugiam da repressão exercida pelo regime de Minsk.
A polícia ucraniana admite que a "morte foi camuflada por suicídio".
O movimento de contestação depois das eleições presidenciais na Bielorrússia em 2020 provocou uma vaga de detenções, exílios e a supressão de várias organizações não-governamentais e meios de comunicação independentes.
Membros da oposição ao regime do Presidente Lukashenko, no poder desde 1994, abandonaram a Bielorrússia e exilaram-se sobretudo na Ucrânia, Polónia e na Lituânia.
O regime é acusado de desvio de um avião comercial sob o pretexto falso de um ataque terrorista para prender o dissidente Roman Protassevitch que se encontrava a bordo.
A morte de Vitali Chychov acontece pouco depois do incidente relacionado com a atleta biolorussa, Krystsina Tsimanouskaya, que foi forçada a retirar-se dos Jogos Olímpicos de Tóquio por críticas às federações desportivas da Bielorrússia tendo pedido asilo político à Polónia.
[Notícia atualizada às 09h40]
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