"Chegou o momento de aumentar o preço do pão", afirmou Abdel Fatah al-Sisi, numa conferência de imprensa transmitida na televisão, sem adiantar, no entanto, qual será o novo valor.
Um pão de 90 gramas custa atualmente no Egito cinco cêntimos na moeda egípcia (dois cêntimos de euro).
"Não é realista vender 20 pães pelo mesmo preço que um cigarro (...) isto tem de parar", frisou o governante egípcio.
O Estado egípcio, o maior importador de trigo a nível mundial, subsidia o pão há várias décadas, permitindo assim que os cidadãos mais pobres recebam diariamente cinco pães.
Cerca de 71,5 milhões de egípcios, numa população total que ultrapassou os 100 milhões de habitantes no ano passado, dependem de um programa alimentar subsidiado pelo Estado egípcio, que inclui itens como pão, arroz, açúcar e massas.
Perto de um terço dos egípcios vive abaixo do limiar de pobreza, contando com menos de 1,70 euros por dia.
Os subsídios estatais canalizados para o pão representam, no atual orçamento, mais de 50 mil milhões de libras egípcias (cerca de 2,6 mil milhões de euros), segundo dados oficiais, citados pelas agências internacionais.
O Egito, o país árabe mais populoso e o terceiro no continente africano, desvalorizou a sua moeda em 2016, no âmbito de um programa de medidas de austeridade recomendadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o que provocou um aumento dos preços dos alimentos.
Em junho, o FMI aprovou a entrega da última tranche do programa de ajuda financeira ao país, na ordem dos 1,7 mil milhões de dólares (cerca de 1,4 mil milhões de euros).
O programa de ajuda financeira ao Egito, aprovado para apoiar a economia do país durante a pandemia da doença covid-19, teve um montante total de 5,4 mil milhões de dólares (cerca de 4,5 mil milhões de euros).
"Somos um povo sério, honrado e responsável em relação aos meios de subsistência das pessoas. Por isso, ninguém me deve dizer para não tocar no pão", concluiu Abdel Fatah al-Sisi.
Momentos depois das declarações de Abdel Fatah al-Sisi, muitos egípcios usaram as redes sociais para reagir e criticar o anúncio do governante, com muitos a partilharem a frase "Tudo menos o pão".
O aumento do preço dos alimentos, mas também a exigência de mais justiça social e de condições de vida condignas, foi uma das causas que desencadearam a conhecida "Primavera Árabe", uma vaga de protestos que abalou vários países do mundo árabe em 2011 e que ditou a queda de vários regimes, nomeadamente no Egito.
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