Hoje, a UJC exortou a população a aderir à caravana "Vitória Popular" que vai percorrer cerca de sete quilómetros ao longo do emblemático Malecón, para demonstrar o apoio ao Governo do Presidente Miguel Díaz-Canel num momento de crise económica e sanitária.
A convocatória é considerada uma nova tentativa do Executivo de Díaz-Canel em medir forças face aos setores da população que contestam a sua gestão, três semanas após milhares de pessoas terem saído à rua para exigir liberdade e melhores condições de vida, nos maiores protestos antigovernamentais em 60 anos.
O pedido da liderança da UJC para que sejam usadas máscaras faciais e respeitado o distanciamento durante o desfile motivou críticas divulgadas em diversas redes sociais, devido à convocação de uma concentração de massas e quando Cuba atravessa o período de maior crise epidemiológica desde o início da pandemia na ilha das Caraíbas, indicou a agência noticiosa Efe.
"Hospitais em colapso, centros de acolhimento em péssimas condições, recordes diários de casos ativos, escassez de medicamentos, mas mesmo assim convocam um desfile no pior momento da pandemia", indicou um utilizador do Twitter citado pela Efe.
Com 1.441 casos por cada 100.000 habitantes, Cuba é atualmente o país com maior incidência de covid-19 no continente americano e um dos primeiros do mundo.
Hoje, o país de 11,2 milhões de habitantes bateu o recorde de mortos num único dia (98 óbitos), e voltou a ultrapassar os 9.000 casos diários, dos quais 1.145 em Havana.
Nas localidades mais afetadas do país surgem imagens de hospitais superlotados pelo elevado número de doentes, uma situação agravada pela escassez de medicamentos e produtos básicos.
Na província central de Ciego de Ávila, os responsáveis locais estão a converter os hotéis em hospitais para acolher doentes, incluindo na área da pediatria. Um responsável local citado pela agência noticiosa Associated Press (AP) informou que o hotel Las Cañas vai disponibilizar 53 camas para mulheres grávidas infetadas com o coronavírus.
Foi ainda ordenado o isolamento de todas as habitações onde seja detetado o vírus.
Cerca de dois milhões de cubanos já receberam as duas doses da vacina Abdala ou da Soberana 02, ambas fabricadas em Cuba, e já se consideram imunizados, apesar de especialistas terem indicado que ainda podem contrair o vírus na sua versão mais ligeira, e transmiti-lo.
Em paralelo, o exílio cubano em Miami, Estados Unidos, pediu hoje aos militares de qualquer dos ramos que se coloquem ao lado do "povo oprimido", e comprometeu-se a compensá-los quando o país "for livre", incluindo com casas construídas especificamente para estes membros das Forças Armadas.
O exilado Sérgio Pino, presidente da construtora Century Homebuilders Group, dirigiu uma mensagem aos militares na ilha onde indica que o exílio não os considera "como inimigos" e que poderão desempenhar uma função "muito importante" na "libertação" e na "reconstrução" de Cuba.
Este empresário comprometeu-se em reconstruir o país quando "Cuba for livre", também através de novas casas, e disse que dará prioridade aos militares que neste "momento histórico" "virem as armas".
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