De acordo com relatórios da ONU, citados pela agência noticiosa Efe, cerca de 400 civis -- a maioria raparigas -- foram vítimas de violações ou de outras formas de violência sexual por membros das partes no conflito somali em 2020, um aumento de quase 80% face a 2019.
No primeiro trimestre deste ano, a ONU verificou mais de uma centena de casos, assinalaram num comunicado conjunto das representantes especiais para a Violência Sexual em Conflitos, Pramila Patten, e para as Crianças e Conflitos Armados, Virginia Gamba.
"Instamos todas as partes em conflito na Somália a cessarem imediatamente estas violações", afirmaram as duas responsáveis, que também pediram ao Governo para desenvolver um novo plano de ação nacional para pôr um fim a estes crimes.
De acordo com a ONU, a violência sexual no país está intimamente ligada à insegurança, às atividades do grupo 'jihadista' Al-Shabab e aos confrontos entre clãs, tendo sido agravada pela pandemia de covid-19.
A ONU apontou ainda que os casos ligados ao Al-Shabab duplicaram, acusando o grupo de utilizar a violência sexual e casamentos forçados para dominar áreas sob o seu controlo.
Da mesma forma, as Nações Unidas observaram que as violações cometidas por milícias de clãs quase triplicaram no último ano e que as forças governamentais foram responsáveis por 15% do total.
A ONU acredita que a grande maioria dos casos continua por resolver, o que "perpetua o ciclo de impunidade".
Desde 1991 que a Somália vive num estado de guerra e caos, depois do autocrata Mohamed Siad Barre ter sido deposto, deixando o país sem governo e nas mãos de milícias islâmicas e de senhores da guerra.
Leia Também: EUA lançam segundo ataque aéreo contra Al-Shabab na Somália esta semana