Nigéria com cidades "mortas" em protesto contra detenção de líder

As principais cidades do sudeste da Nigéria estavam hoje praticamente desertas, depois de um grupo separatista ter apelado a um dia de "cidade morta" para protestar contra a prisão do seu líder, segundo relatos de testemunhas.

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Lusa
09/08/2021 16:50 ‧ 09/08/2021 por Lusa

Mundo

Nigéria

 

O Movimento Popular Indígena de Biafra (Ipob, em inglês), um grupo banido pelas autoridades, que defende a secessão do sudeste da Nigéria, que é povoado principalmente por membros do grupo étnico Igbo, tem apelado aos comerciantes para que fechem as suas lojas todas as segundas-feiras, para exigir a libertação do seu líder, Nnamdi Kanu.

Kanu foi preso no Quénia após quatro anos de fuga, segundo os seus advogados, e transferido de volta à Nigéria no final de junho para ser julgado, acusado em particular de "terrorismo" e "traição".

Owerri, a capital do Estado de Imo, foi abandonada pelos residentes, enquanto as estradas normalmente congestionadas estavam vazias e os mercados e lojas estavam praticamente todos fechados, de acordo com os residentes.

"Não pensei que a ordem dos separatistas fosse seguida a este ponto. Olha para a estrada, não há ninguém", disse o comerciante local Chinonso Agomuo, citado pela ag~encia France-Presse.

Em Enugu, a capital do estado com o mesmo nome, as principais estradas estavam particularmente silenciosas.

"Os bancos não estão abertos. E até os mercados estão fechados", disse o condutor de motocicletas Christian Ekekwe.

O Ipob sonha em reanimar a extinta República de Biafra, cuja declaração de independência levou a uma guerra civil de 30 meses, entre 1967 e 1970.

Mais de um milhão de pessoas, na sua maioria Igbo, morreram no conflito, na sua maioria devido à fome e à doença.

Nos últimos meses, a violência irrompeu nos estados do sudeste, matando pelo menos 127 polícias e pessoal de segurança, segundo a polícia.

As autoridades acusam o Ipob e a sua ala paramilitar, a Rede de Segurança Oriental (ESN), de estarem por detrás da violência, o que estas negam.

O Governo do Presidente Muhammadu Buhari intensificou recentemente uma repressão contra os separatistas no país mais populoso de África, incluindo a perseguição dos seus líderes.

Outro líder separatista, Sunday Adeyemo, também conhecido como Sunday Igboho, foi preso em julho no vizinho Benim, quando tentava embarcar num voo para a Alemanha. Encontra-se atualmente detido no Benim, à espera de extradição.

Apela à independência do povo iorubá no sudoeste da Nigéria, após a violência atribuída aos pastores fulani na sua região.

Com uma população de mais de 210 milhões de habitantes, a Nigéria tem mais de 250 grupos étnicos e é regularmente abalada por tensões étnicas e comunitárias em diferentes regiões.

Leia Também: Forças armadas da Nigéria mataram 78 suspeitos de raptos para resgates

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