"A UE apela aos talibãs para que retomem imediatamente conversações substantivas, regulares e estruturadas e apela também a um cessar imediato da violência em curso e a um cessar-fogo completo e permanente", afirmou o Alto Representante para a Política Externa, Josep Borrell, num comunicado.
A UE "condena as crescentes violações do direito internacional humanitário e dos direitos humanos, em particular nas áreas controladas pelos talibãs e nas cidades", disse.
Borrell avisou os talibãs de que "se o poder for tomado pela força e um emirado islâmico for restabelecido", enfrentarão "o não reconhecimento, o isolamento, a falta de apoio internacional e a perspetiva de conflito continuado e de instabilidade prolongada" no Afeganistão.
O Alto Representante da UE disse que a "atual ofensiva militar dos talibãs está em contradição direta com o seu compromisso declarado de uma solução negociada do conflito e do processo de paz de Doha".
O movimento extremista islâmico lançou a atual ofensiva em maio, com o início da retirada final das tropas norte-americanas e estrangeiras, a qual deverá estar concluída até 31 de agosto.
Em cerca de uma semana, os talibãs assumiram o controlo de quase metade das 34 capitais provinciais, incluindo Kandahar (sul), a segunda maior cidade do país.
O também vice-presidente da Comissão Europeia considerou que os ataques contínuos dos talibãs "estão a causar um sofrimento inaceitável aos cidadãos afegãos e estão a aumentar o número de deslocados internos e daqueles que deixam o Afeganistão em busca de segurança".
"Encorajamos a República Islâmica do Afeganistão a resolver divergências políticas, a aumentar a representação de todos os interessados e a envolver-se com os talibãs de uma perspetiva unida", afirmou.
Borrel disse ainda que a UE pretende continuar a apoiar o Afeganistão, mas condicionou esse apoio a uma "resolução pacífica e inclusiva e ao respeito pelos direitos fundamentais de todos os afegãos".
"É fundamental que os ganhos significativos obtidos pelas mulheres e raparigas ao longo das últimas duas décadas sejam preservados, inclusive no que diz respeito ao acesso à educação", acrescentou.
Na sequência da ofensiva dos talibãs, Canadá, Reino Unido e Estados Unidos decidiram enviar contingentes militares para garantir a evacuação das suas embaixadas em Cabul.
Em Camberra, o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, disse hoje que o seu país está a trabalhar urgentemente com os EUA para retirar do Afeganistão os últimos afegãos que ajudaram as tropas e diplomatas australianos no país.
A Austrália fechou a sua embaixada em Cabul em maio, e retirou as últimas das suas tropas em junho.
Os talibãs lideraram o Afeganistão entre 1996 e 2001, impondo a sua versão rigorosa da lei islâmica.
Em 2001, foram atacados por uma coligação internacional liderada pelos EUA, que tentavam capturar Osama bin Laden depois dos atentados de 11 de setembro.
Leia Também: Afeganistão: Londres vai enviar 600 soldados para ajudar na retirada