"Os Aliados da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte) estão profundamente preocupados com os elevados níveis de violência provocados pela ofensiva dos talibãs, nomeadamente os ataques contra civis, os assassínios cirúrgicos e as informações que dão conta de outros atentados graves aos direitos humanos", declarou
o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, em comunicado, após a reunião com os embaixadores da organização.
Os combatentes talibãs conquistaram vastas parcelas do território rural afegão desde maio e, em apenas oito dias, apoderaram-se de 17 das 34 capitais provinciais e aproximam-se agora da capital, Cabul, tendo-se até agora deparado com pouca resistência das forças de segurança leais ao Governo, numa ofensiva de grande envergadura que avança a ritmo recorde quando faltam apenas algumas semanas para o fim da retirada total das tropas dos Estados Unidos e da NATO ainda estacionadas no país, prevista para 31 de agosto.
Stoltenberg advertiu também os talibãs de que a comunidade internacional não os reconhecerá como governantes legítimos "se tomarem o Afeganistão pela força" e reiterou o seu apoio ao Governo do país.
Vários países, incluindo os Estados Unidos, estão a começar a reduzir e a repatriar o pessoal das embaixadas da capital afegã, mas Stoltenberg sublinhou que a Aliança Atlântica de 30 Estados manterá uma presença diplomática que irá ajustando consoante necessário.
"Os talibãs precisam de entender que não serão reconhecidos pela comunidade internacional se tomarem o país pela força. Continuamos empenhados numa solução política para o conflito", disse o responsável da NATO no comunicado.
Os embaixadores dos Estados-membros da Aliança Atlântica mantiveram hoje uma reunião não-anunciada para realizar consultas sobre a situação no Afeganistão, crítica perante a intensificação da ofensiva dos talibãs, após a retirada das tropas estrangeiras, iniciada a 01 de maio.
Segundo a ONU, num mês morreram pelo menos 183 civis e 1.181 ficaram feridos, incluindo crianças, devido ao avanço dos rebeldes em Lashkar Gah, Kandahar, Herat e Kunduz.
Cerca de 250.000 pessoas foram deslocadas pelo conflito desde o final de maio -- 400.000 desde o início do ano -, 80% das quais são mulheres e crianças, adiantou.
Neste contexto, muitos civis migraram nas últimas semanas para Cabul, que arrisca uma crise humanitária.
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