Afeganistão: A ofensiva relâmpago dos talibãs desde maio

Os talibãs, que estão hoje às portas de Cabul e prestes a retomar o poder no Afeganistão, iniciaram esta sua grande ofensiva no início de maio, após começar a retirada final das tropas estrangeiras do país.

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Lusa
15/08/2021 ‧ 15/08/2021 por Lusa

Mundo

Afeganistão

 

Desde então assumiram o controlo da maior parte do país sem encontrar muita resistência e o governo afegão já prometeu uma transição de poder pacífica.

Início de retiradas das tropas estrangeiras

A 1 de maio, os Estados Unidos e a NATO iniciam a retirada dos seus 9.500 soldados, dos quais 2.500 são militares norte-americanos, ainda no Afeganistão.

Desencadeiam-se intensos combates entre os talibãs e as forças governamentais na região meridional de Helmand. No norte, os talibãs tomam o distrito de Burka, na província de Baghlan.

A 8 de maio, um atentado contra uma escola para raparigas em Cabul causa mais de 50 mortos. As autoridades atribuem o ataque, o mais mortífero num ano, aos talibãs, que desmentem.

Em meados de maio, os norte-americanos retiram-se da base aérea de Kandahar, uma das mais importantes do Afeganistão.

Avanço dos talibãs

Os talibãs conquistam dois distritos da província de Maidan Wardak, perto de Cabul, antes de assumirem o controlo de dois distritos da importante província de Ghazni.

A 19 de junho, face à rápida progressão dos rebeldes, o Presidente afegão, Ashraf Ghani, nomeia novos ministros para o Interior e para a Defesa.

A 22, os talibãs tomam o posto fronteiriço de Shir Khan Bandar (norte), principal acesso do país ao vizinho Tajisquistão. Várias centenas de soldados afegãos fogem para o território tajique.

Os rebeldes controlam as outras passagens para o Tajiquistão, assim como distritos que conduzem a Kunduz, capital da província com o mesmo nome no norte do país.

 

Norte-americanos deixam Bagram

A 2 de julho, os militares norte-americanos e da NATO restituem às forças armadas afegãs a base aérea de Bagram, centro nevrálgico das operações da coligação internacional, 50 quilómetros a norte de Cabul.

A 4, os talibãs tomam o distrito estratégico de Panjwai, a cerca de 15 quilómetros de Kandahar (sul).

 

Primeira capital provincial atacada 

A 7 de julho, os talibãs entram em Qala-i-Naw, a primeira capital de província -- a de Badghis (noroeste) -- a ser atacada pelos rebeldes.

No dia seguinte, o Presidente norte-americano, Joe Biden, declara que a retirada das suas forças será "concluída a 31 de agosto".

A 9, os talibãs reivindicam o controlo de dois importantes postos fronteiriços, com o Irão e com o Turquemenistão, na província de Herat (oeste).

Segundo Moscovo, os rebeldes controlam a maior parte da fronteira afegã com o Tajiquistão.

 

Aeroporto protegido

A 11 de julho, as autoridades anunciam que o aeroporto de Cabul está agora protegido de 'rockets' e mísseis por um "sistema de defesa aérea".

A 13, após a Alemanha, a França apela aos seus cidadãos para abandonarem o Afeganistão.

No dia seguinte, os talibãs tomam um importante posto fronteiriço com o Paquistão, no sul.

Grandes cidades ameaçadas 

A NATO pede a 27 de julho uma solução negociada para o conflito, quando a ONU teme um número "sem precedentes" de vítimas civis.

A 2 de agosto, Ashraf Ghani atribui a deterioração da situação militar à "repentina" retirada norte-americana, numa altura em que várias grandes cidades estão sob ameaça direta dos rebeldes.

As embaixadas norte-americana e britânica em Cabul acusam os talibãs de terem "massacrado dezenas de civis" no distrito meridional de Spin Boldak.

No dia seguinte, um atentado contra o ministro da Defesa, o general Bismillah Mohammadi, mata oito civis em Cabul. É reivindicado pelos talibãs, que ameaçam com outros ataques dirigidos em resposta aos bombardeamentos aéreos das forças armadas.

 

Importantes conquistas

A 6 de agosto, os talibãs conquistam a sua primeira capital provincial, Zaranj (sudeste).

Nos dias seguintes, várias grandes cidades do Norte também caem: Sheberghan, Kunduz, Sar-e-Pul, Taloqan, Aibak e Pul-e-Khumri (província de Baghlan), Faizabad e Farah (oeste).

A 10, Joe Biden diz não lamentar a sua decisão de deixar o Afeganistão, considerando que os afegãos "devem lutar por si próprios".

A 11, centenas de membros das forças de segurança rendem-se aos talibãs perto de Kunduz.

O Presidente Ashraf Ghani chega à cidade sitiada de Mazar-i-Sharif para tentar coordenar a resposta.

 

Herat, Kandahar e Mazar-i-Sahrif 

A 12, os talibãs tomam Ghazni, a 150 quilómetros a sudoeste de Cabul, e depois Herat, terceira maior cidade do Afeganistão.

Os Estados Unidos e o Reino Unido anunciam o envio de milhares de soldados para Cabul para retirar diplomatas e cidadãos. Outros membros da NATO também anunciam a retirada do pessoal das suas embaixadas.

No dia seguinte, os talibãs tomam Pul-e-Alam, capital da província de Logar, a apenas 50 quilómetros de Cabul, depois de terem conquistado Lashkar Gah, capital de Helmand, e Kandahar, segunda cidade do país.

A 14, Ashraf Ghani jura mobilizar o exército contra os talibãs, mas nas horas seguintes os rebeldes conquistam sucessivamente Mazar-i-Sharif (norte) e Jalalabad (leste), a última grande cidade controlada pelo governo além de Cabul.

Hoje os rebeldes rodearam Cabul e terão recebido ordens para não entrar, enquanto o governo prometia uma transição pacífica do poder.

Um porta-voz do movimento rebelde disse à BBC que este pretende assumir o poder no Afeganistão "nos próximos dias" através de uma transição "pacífica".

O presidente Ashraf Ghani abandonou o Afeganistão, segundo informações avançadas pelo ex-vice-presidente do país Abdullah Abdullah e por dois responsáveis das autoridades afegãs.

Leia Também: Turquia empenhada em trabalhar com Paquistão para estabilidade no país

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