A ONG polaca de defesa dos direitos dos refugiados, identificada como Fundacja Ocalenie, afirmou que este grupo de afegãos, procedente do território bielorrusso, se viu envolvido num impasse entre as autoridades de Varsóvia e de Minsk.
A Polónia está a recusar a entrada destas pessoas no país, enquanto a guarda fronteiriça da Bielorrússia não as deixa regressar ao território da ex-república soviética.
A Fundacja Ocalenie relatou que apelou às autoridades polacas para que permitissem que estes migrantes solicitassem o estatuto de refugiado na Polónia, argumentando que estas pessoas têm o direito legal de o fazer.
"Em conformidade com a lei em vigor na Polónia, cada uma destas pessoas deve ser autorizada a apresentar um pedido de proteção", afirmou o presidente da ONG, Piotr Bystrianin, num comunicado.
Ao longo das últimas semanas, a Polónia e os países bálticos Lituânia, Letónia e Estónia (todos Estados-membros da União Europeia) têm acusado o contestado Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, de enviar migrantes para as suas fronteiras, num ato de retaliação e de "guerra híbrida", segundo classificam os quatro países, face às sanções impostas pelo bloco comunitário ao regime de Minsk, nomeadamente por causa do desvio de um avião civil, em maio passado, e da detenção de um opositor que estava a bordo desse aparelho.
As fronteiras destes quatro países fazem parte das fronteiras externas da União Europeia (UE).
Grande parte dos migrantes procedentes do território bielorrusso são oriundos do Iraque e do Afeganistão.
A Polónia mobilizou, entretanto, centenas de militares para a zona de fronteira, cuja segurança está a ser reforçada com a colocação de arame farpado.
O primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, declarou na quinta-feira sentir-se empático em relação à situação destes migrantes, mas insistiu que estas pessoas eram uma "ferramenta nas mãos de [Presidente da Bielorrússia, Alexander] Lukashenko" e prometeu que a Polónia não irá sucumbir a "este tipo de chantagem".
A ONG Fundacja Ocalenie anunciou hoje também que se deslocou na quarta-feira ao local onde o grupo de 32 afegãos está retido, que fica perto da aldeia polaca de Usnarz Górny, na fronteira com a Bielorrússia.
Na quarta-feira, os elementos da Fundacja Ocalenie não tiveram autorização para ter acesso aos migrantes e para distribuir comida, sacos-cama e outros bens essenciais, autorização essa que foi concedida no dia seguinte.
Citada pela agência norte-americana Associated Press (AP), Tahmina Rajabova, membro da ONG, contou que falou com os 32 afegãos e que todos querem requerer o estatuto de refugiado na Polónia.
Entre estes migrantes, constam uma rapariga de 15 anos e algumas pessoas doentes, segundo a mesma fonte.
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