Conforme noticia a agência Efe, os manifestantes, maioritariamente homens e jovens, concentraram-se na Praça da República com cartazes e bandeiras do Afeganistão, com as cores que foram substituídas pela bandeira dos talibãs.
"Salvem já as nossas famílias", "evacuação já!", "corredor humanitário já" e "dirigentes europeus, atuem agora" eram algumas das mensagens que se podiam ler nos cartazes.
Os organizadores deste protesto manifestaram num comunicado que querem reunir-se com o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Diran, para apresentar as suas reivindicações.
Uma delas é o acolhimento dos familiares dos migrantes afegãos que já vivem em França, "independentemente de qual seja o seu estatuto, para proteger as suas vidas".
O Governo francês tem já em marcha um dispositivo militar, com aviões que estão desde segunda-feira a realizar voos entre Cabul (capital do Afeganistão), uma base dos Emirados Árabes Unidos e Paris para retirar do Afeganistão os cidadãos franceses, afegãos que trabalharam para os seus serviços, soldados e outros membros da sociedade civil.
No sábado aterrou no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, o quinto voo proveniente do Afeganistão, que levou à capital francesa mais de 600 pessoas, na sua maioria de nacionalidade afegã.
Para hoje está prevista a chegada de outra aeronave.
França pediu aos Estados Unidos que permita e facilite a retirada dos cidadãos dos países aliados e de todos os afegãos cujas vidas corram perigo em Cabul, prolongando a operação no aeroporto, com maior coordenação.
Entretanto, o Pentágono anunciou hoje que ordenou o recurso, com caráter de emergência, de 18 aviões comerciais dos Estados Unidos da América (EUA) para o transporte de afegãos retirados de Cabul.
Em causa estão três aeronaves das companhias American Airlines, Atlas Air, Delta Air Lines e Omni Air, duas da Hawaiian Airlines e quatro da United Airlines .
Também durante o dia de hoje sete civis afegãos morreram esmagados na multidão perto do aeroporto internacional de Cabul, no meio do caos dos que tentam fugir da tomada de poder pelos talibãs, revelaram forças militares britânicas.
O aeroporto tem sido o ponto de encontro de milhares de pessoas que tentam fugir aos talibãs, que invadiram Cabul há uma semana depois de um avanço relâmpago na tomada do país.
Os Estados Unidos retiraram cerca de 17.000 pessoas do país desde que a operação de resgate começou, em 14 de agosto, incluindo 2.500 cidadãos americanos, disse no sábado o subdiretor de logística do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, general Hank Taylor.
Nas últimas 24 horas, cerca de 3.800 pessoas foram transportadas em 38 voos.
Os talibãs conquistaram Cabul no dia 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.