Venezuelanos realizaram 671 protestos num mês para reivindicar direitos

Os venezuelanos continuam a protestar para exigir direitos económicos, sociais, culturais, ambientais e vacinas contra a covid-19, segundo um relatório divulgado hoje pelo Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais (OVCS).

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Lusa
26/08/2021 16:14 ‧ 26/08/2021 por Lusa

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OVCS

"O OVCS registou 671 protestos durante o mês de julho de 2021, equivalente a 22 protestos por dia. Este valor representa um aumento de 3% em comparação com os 649 (protestos) registados durante o mesmo período do ano passado", refere o relatório, divulgado em Caracas.

Segundo o documento, 91 protestos tiveram como propósito exigir vacinas contra a covid-19 e 442 (66%) para reivindicar Direitos Económicos, Sociais, Culturais e Ambientais (DESCA).

"Mantêm-se as demandas de serviços básicos e aumentaram as reclamações devido ao défice na distribuição e comercialização de combustíveis, falhas na recolha de água servidas (esgoto), no serviço de internet, iluminação pública e (condições das) estradas", explica o relatório.

Segundo o OVCS, 229 protestos (34%) estiveram relacionados com a exigência de direitos civis e políticos, e com atividades a favor e contra a marcação de eleições regionais para 21 de novembro.

Houve ainda protestos "contra a campanha de criminalização, perseguição e detenção arbitrária de ativistas dos direitos humanos e dissidentes políticos".

Por outro lado, familiares de detidos constestaram os atrasos judiciais, e "as cada vez mais graves condições dos cárceres venezuelanos" e por outro os trabalhadores manifestaram-se "rejeitando o salário mínimo oficial de menos de dólares por mês".

"Profissionais da saúde condenaram a injusta detenção da enfermeira Ada Macuare, depois de participar em um protesto para denunciar a escassez de materiais (médicos) num centro de saúde, para exigir vacinas contra a covid-19 e um melhor salário", sublinha o relatório.

Ainda sobre a caraterização dos protestos, o OVCS indica que os professores reclamaram condições para o regresso a aulas presenciais nos próximos meses, e que motoristas, produtores agrícolas, pescadores e comerciantes protestaram por perdas e prejuízos ocasionados pela falta de combustível no país.

Dos 671 protestos registados em julho, 440 foram concentrações, 258 tiveram a exibição de cartazes, 103 decorreram através do bloqueio de ruas e avenidas, 34 foram greves e 18 em marchas.

O OVCS diz ter documentado, durante os últimos anos, protestos diários motivados por falhas no abastecimento de água potável, eletricidade e gás doméstico e explica que "o colapso dos serviços básicos continua, as medidas e políticas públicas exercidas pelas autoridades competentes têm sido insuficientes ou inexistentes".

Em julho de 2021, o estado de Anzoátegui (60) foi a localidade do país com mais protestos (60), seguindo-se Trujillo (56), Bolívar (52), Lara (51), Táchira (50), Falcón (43), Portuguesa (42), Arágua e o Distrito Capital (ambos com 32 cada).

Registaram-se ainda protestos em Carabobo e Sucre (28 em cada), Barinas (25), Cojedes (18), Zúlia (16), Nova Esparta (15), Apure (12), Yaracuy (11), Delta Amacuro e Vargas (8 cada), e Guárico (6).

"Vale a pena sublinhar que pessoas que simpatizam com o regime de (Nicolás) Maduro reclamaram alegadas irregularidades e corrupção nas eleições internas do Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv)", sublinha o observatório.

Leia Também: Venezuela entregou ao TPI novo relatório sobre sanções dos EUA

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