Egito. ONG revela que forças de segurança fazem execuções extrajudiciais
A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) denunciou hoje que registou, durante seis anos, dezenas de execuções extrajudiciais de supostos "terroristas" pelas forças de segurança egípcias, mas que na realidade estas pessoas não representavam perigo iminente.
© Reuters
Mundo Egipto
Segundo a organização de defesa dos direitos humanos, essas execuções foram realizadas pela polícia e pelos serviços de informação, alegando que as mortes resultaram de confrontos armados.
No entanto, a HRW recolheu depoimentos e evidências que sugerem que esses "supostos homens armados que morreram nos tiroteios não representavam um perigo iminente para as forças de segurança quando foram mortos e, em muitos casos, já estavam sob custódia".
A ONG referiu que o ministério do Interior egípcio informou entre janeiro de 2015 e dezembro de 2020 sobre a morte de pelo menos 755 pessoas em 143 supostos tiroteios, nos quais apenas um suspeito foi preso.
Em quase todos os casos, seguiu o mesmo padrão: o ministério do Interior relatava num comunicado que os supostos terroristas, geralmente pertencentes à organização Irmandade Islâmica, abriram fogo primeiro e os agentes foram forçados a responder.
A HRW analisou extensivamente os casos de 14 mortes em nove desses incidentes, nos quais um membro das forças de segurança ficou ferido.
Ao entrevistar os familiares dos mortos, estes alegaram que as vítimas haviam sido detidas antes das suas mortes e, em muitos casos, viram sinais de tortura nos corpos, como queimaduras, cortes, ossos e dentes partidos.
Em 13 desses casos, os detidos desapareceram à força e as famílias, ao tentarem localizá-los, sofreram intimidações e perseguições por parte dos agentes de segurança.
A HRW declarou que essas práticas proliferaram depois que o Presidente egípcio, Abdelfatah al-Sisi, afirmou em junho de 2015, após o assassínio do então procurador-geral, que as leis e os tribunais não eram suficientes na luta contra os islamitas e defendeu uma "justiça acelerada".
A ONG apelou aos países que apoiam o Egito, como Estados Unidos, Reino Unido, França ou Alemanha, a impor sanções contra funcionários egípcios e entidades responsáveis por essas mortes e a suspender a venda de armas e a sua cooperação em questões militares e de segurança a este país árabe.
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