"A edição desta semana é toda dedicada ao 11 de setembro. Fazemos um tributo às nove vítimas portuguesas, com uma biografia de cada um, até porque eram pessoas oriundas das comunidades portuguesas de New Jersey e de Nova Iorque", disse à Lusa Henrique Mano, editor que coordenou esta edição do jornal Luso Americano.
Com o título "11 de setembro - A data que não se esquece", o jornal destaca uma entrevista a uma portuguesa sobrevivente do atentado e outra à irmã de João Aguiar, uma das vítimas mortais do ataque da Al-Qaida e que se encontrava no 88.º piso da Torre Sul na altura em que o Boeing 767 da American Airlines embateu no edifício.
Oito vítimas portuguesas foram identificadas nos dias a seguir ao atentado sendo que o nome de um luso descendente de Massachusetts só foi apurado um ano após os ataques.
"Só identificámos a nona vítima um ano depois (2002). Raymund Rocha, de origem portuguesa, originário de uma família portuguesa do Estado de Massachusetts e que tinha arranjado emprego no World Trade Center", recorda o jornalista.
"O que me impressionou mais na cobertura que fiz destes vinte anos foi o facto de as pessoas com quem falei, em especial uma irmã de uma das vítimas e a senhora que sobreviveu, é a intensidade com que estas pessoas ainda vivem aquele dia. Choraram durante a entrevista. Vinte anos depois, para estas pessoas tudo aconteceu ontem. Isso impressionou-me", disse ainda o jornalista do Luso Americano que fez reportagens na Zona de Impacto ("Ground Zero"), logo após os atentados.
"Eu no dia 11 de setembro de 2001 tinha acabado de chegar à redação em Newark e não pude regressar a Nova Iorque. Eu vivo em Nova Iorque, e não pude regressar a casa mas assim que os comboios começaram a funcionar fui para a Zona de Impacto falar com as pessoas. Há lá uma pequena comunidade portuguesa e começamos a identificar as vítimas", disse.
Procurando olhar para o futuro, o jornal inclui ainda notícias sobre a participação dos portugueses na reconstrução da zona destruída pelos atentados, em Nova Iorque.
"Publicamos hoje também entrevistas e fotografias a um luso descendente, filho de emigrantes de Leiria, diretor de operações, manutenção e instalações do memorial e museu 11 de Setembro e uma entrevista sobre uma empresa portuguesa de construção civil que participou na edificação de duas das torres do novo World Trade Center: a torre três e quatro", explica Henrique Mano.
O jornalista recorda também que após os atentados o jornal acompanhou, com uma edição especial, os portugueses e luso descendentes que se alistaram para a guerra do Afeganistão, vindos de vários pontos dos Estados Unidos, motivados pelos ataques contra território norte-americano em 2001.
"Alguns morreram, um deles era de Newark. Hoje uma praceta tem o nome dele", diz Henrique Mano do jornal Luso Americano, publicação portuguesa fundada em 1928.
No dia 11 de setembro de 2001, quatro aviões comerciais foram sequestrados por terroristas da Al Qaeda, sendo que dois aparelhos colidiram de forma intencional contra as Torres Gémeas do World Trade Center, Nova Iorque, que ruíram duas horas após o impacto.
O terceiro avião de passageiros colidiu no edifício do Pentágono, a sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, condado de Arlington, Virgínia, nos arredores de Washington D.C..
O quarto avião caiu num campo no Estado da Pensilvânia, depois de alguns passageiros e tripulantes terem tentado retomar o controlo do aparelho.
Não houve sobreviventes entre os passageiros dos aviões sendo que no total os ataques fizeram mais de três mil mortos.
Os ataques terroristas da Al-Qaida contra território norte-americano, durante a Administração de George W. Bush, provocaram a intervenção militar dos Estados Unidos contra o Afeganistão que começou a 07 de outubro de 2001 e no dia 20 de março de 2003 a invasão do Iraque.
Atualmente ainda decorre o processo judicial contra cinco homens acusados de participação e planificação dos atentados.
O processo foi formalmente iniciado em fevereiro de 2008, por comissões militares dos Estados Unidos na base norte-americano de Guantánamo, em Cuba.
A primeira audiência decorreu a 05 de maio de 2012 e são retomadas esta semana depois de uma suspensão devido à pandemia de Covid-19.
Entretanto, o atual Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em plena crise provocada pela derrota norte-americana no Afeganistão, ordenou na semana passada a abertura de documentos classificados sobre a investigação do 11 de setembro.
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