Numa conferência de imprensa na segunda-feira, em Nova Iorque, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, falou da polémica sobre os submarinos, dos últimos dias, que levou mesmo Paris a chamar os seus embaixadores em Nova Iorque e Camberra.
Segundo o ministro, a questão será o assunto de uma conversa telefónica (sem data) que terá Joe Biden com o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, depois de a Austrália ter anunciado na semana passada a assinatura de um contrato de compra de submarinos norte-americanos, e o subsequente cancelamento do contrato de 12 submarinos franceses, avaliado em 56 mil milhões de euros.
O cancelamento foi seguido de uma chamada para consultas dos embaixadores franceses em Washington e Camberra.
"O que está aqui em causa é a quebra de confiança entre aliados: uma aliança significa transparência, previsibilidade e explicações, mas tudo isto não foi dado aqui (...) Porque se esconderam, porque o fizeram às escondidas?" lamentou o ministro.
E acrescentou: A atitude dos Estados Unidos "é uma deceção: pensávamos que tinham virado a página do unilateralismo, da brutalidade nos anúncios, do desrespeito pelos aliados".
O responsável insistiu que os Estados Unidos e a Europa "são aliados" e que não se podem esconder para desenvolver estratégias diferentes das que expõem aos aliados.
Jean-Yves Le Drian assegurou que nesta crise, que eclodiu inesperadamente nas vésperas da Assembleia Geral da ONU - daí a sua presença em Nova Iorque - a França recebeu o apoio dos seus parceiros europeus, embora tenha recusado responder à questão de saber se os países da Europa de Leste ou os Estados Bálticos também tinham demonstrado o seu apoio.
E disse acreditar que na base da decisão dos Estados Unidos há uma conceção diferente do papel da China na geopolítica mundial.
Os Estados Unidos têm "uma estratégia muito conflituosa" com a China, enquanto a França, e a Europa em geral, entende que existe "uma disputa" com o gigante asiático na qual a soberania de cada parte deve ser respeitada.
A relação da Europa com a China, explicou o ministro, baseia-se num tríptico: "é um parceiro em algumas questões (como as alterações climáticas), um concorrente em questões como a tecnologia e o comércio, e um rival tendo em conta o seu rearmamento e a sua monopolização perturbadora do Mar do Sul da China".
A Austrália tinha-se comprometido em comprar 12 submarinos a França mas na semana passada anunciou a compra de submarinos com propulsão nuclear aos Estados Unidos, rompendo o contrato com Paris, para submarinos que não teriam essa tecnologia.
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