A detenção de Larios, um sociólogo que faz parte da oposição Articulação dos Movimentos Sociais (AMS) - que reúne dezenas de organizações civis - é a 37.ª detenção pela Polícia Nacional desde 28 de maio de profissionais e dissidentes independentes, incluindo sete que anunciaram as suas intenções de concorrer à presidência nicaraguense para a oposição.
Numa declaração, a Polícia Nacional indicou que Larios, 63 anos, que lutou contra a ditadura de Anastasio Somoza Debayle derrubada pelo movimento político sandinista em 1979, está a ser investigado "por levar a cabo atos que minam a independência, soberania e autodeterminação, incitando à interferência estrangeira nos assuntos internos, e apelando a intervenções militares".
Mas também por "organizar com financiamento de potências estrangeiras a realização de atos de terrorismo e de desestabilização, propondo e gerindo bloqueios económicos, comerciais e financeiros contra o país e as suas instituições".
Além disso, por ainda "exigir, exaltar e aplaudir a imposição de sanções contra o Estado da Nicarágua e os seus cidadãos, e prejudicar os interesses supremos da nação", de acordo com a polícia.
A polícia, que até agora não mostrou quaisquer provas, disse que está a basear a investigação contra Larios na Lei de Defesa dos Direitos do Povo à Independência, Soberania e Autodeterminação para a Paz, aprovada com urgência pela Assembleia Nacional Sandinista em dezembro passado.
Esta lei, promovida pelo executivo, classifica os "traidores à pátria" e desqualifica-os de ocuparem cargos públicos.
A Nicarágua está a viver semanas turbulentas após as detenções e acusações de pelo menos 37 líderes da oposição e profissionais independentes, antes das eleições gerais de 07 de novembro, nas quais Ortega procura ser reeleito por mais cinco anos.
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