"Encontrei-me com líderes talibãs para discutir a atual situação de saúde no Afeganistão e as necessidades dos trabalhadores afegãos, para evitar o colapso do sistema de saúde", disse Ghebreyesus, que está de visita a Cabul.
O diretor-geral da OMS explicou que o Afeganistão enfrenta uma série de graves problemas sanitários, entre os quais se destacam "a falta de equipamentos, medicamentos e pessoal", apelando para que a comunidade internacional continue a financiar programas que visam aumentar a qualidade da saúde, nutrição e serviços de planeamento familiar.
Ghebreyesus salientou ainda a necessidade de "pagar aos profissionais de saúde" e avisou para os riscos da "fuga de cérebros", lamentando que estes problemas "já estejam a causar mortes entre os afegãos".
O diretor-geral da OMS sublinhou que a suspensão dos recursos dos programas de ajuda - alguns dos quais apoiados pelo Banco Mundial, que os abandonou após a chegada ao poder dos talibãs - "causou interrupções no acesso à assistência médica, principalmente para mães e crianças nas áreas rurais".
Ghebreyesus, que chegou a Cabul na segunda-feira para discutir a crise sanitária do país com os líderes talibãs, aproveitou a oportunidade para visitar o Hospital Nacional Wazir Mohammad Akbar Khan, com o objetivo de conhecer em primeira mão as necessidades dos seus trabalhadores.
"Fiquei com o coração partido ao saber que as enfermeiras, que trabalham dia e noite, não recebem o seu salário há três meses. Estão a fazer o trabalho mais valioso nas circunstâncias mais difíceis: salvar vidas!", lamentou o diretor-geral da OMS.
Tedros Ghebreyesus incentivou as organizações internacionais a permanecerem no país e a cumprirem o propósito de reconstruir o Afeganistão, para assegurar o fornecimento de meios e o treino de profissionais de saúde.
"A saúde é um serviço que deve continuar em todos os momentos. Se o sistema de saúde do Afeganistão entrar em colapso, a tragédia será pior e muitas mais vidas serão perdidas", disse Ghebreyesus.
A visita do diretor-geral da OMS ao Afeganistão surge no contexto da crise humanitária que o país enfrenta depois da tomada do poder pelos talibãs, em 15 de agosto, que levou a um corte total de fundos internacionais, que representam cerca de 43% do PIB, segundo o Banco Mundial.
Nas últimas semanas, organizações internacionais enviaram toneladas de suprimentos médicos para lidar de forma urgente com a crise nos centros de saúde, enquanto procuram uma solução estável para o problema.
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