MNE francês adverte Blinken que sair da crise requer "tempo" e "ações"

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, advertiu hoje o homólogo norte-americano, Antony Blinken, que a saída da crise entre a França e os Estados Unidos levará "tempo" e exigirá "ações".

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Lusa
23/09/2021 17:55 ‧ 23/09/2021 por Lusa

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Diplomacia

Num comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, as palavras de Le Drien foram ditas a Blinken num encontro entre ambos realizado na missão diplomática gaulesa nas Nações Unidas, em Nova Iorque, em que analisaram a crise diplomática desencadeada com o contencioso relacionado com os submarinos.

"[Le Drian] lembrou que, quarta-feira, foi dado um primeiro passo com a conversa [telefónica] entre os dois presidentes [Emmanuel Macron, da França, e Joe Biden, dos Estados Unidos], mas lembrou que a saída da crise entre os dois países levará tempo e exigirá ação", lê-se no comunicado.

Segundo o documento, Le Drian analisou com Blinken o fortalecimento do processo de consulta que os dois países concordaram para "recuperar a confiança", tendo ambos concordado em manter "contactos estreitos".

Nas últimas horas, Le Drian e Blinken coincidiram em várias reuniões com outros ministros realizadas na sede da ONU, incluindo uma privada, na noite de quarta-feira, entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, e uma sessão aberta hoje naquele mesmo órgão para discutir a crise climática.

Quarta-feira, Macron e Biden concordaram nos primeiros passos para reduzir a tensão e concordaram em encontrar-se pessoalmente em outubro na Europa. 

A primeira medida será o regresso aos Estados Unidos do embaixador francês, chamado a Paris na semana passada para consultas, tal como o representante diplomático francês na Austrália.

A crise entre os dois países deve-se ao facto de os Estados Unidos, Reino Unido e Austrália terem assinado o pacto AUKUS (iniciais em inglês dos três países anglo-saxónicos), que visa reforçar a cooperação trilateral em tecnologias avançadas de defesa, como a Inteligência Artificial, sistemas submarinos e vigilância a longa distância.

Uma primeira consequência foi o cancelamento, pela Austrália, de um contrato com a França para o fornecimento de submarinos convencionais e a intenção de desenvolver submarinos nucleares em coordenação com os seus novos aliados, o que já originou protestos e críticas de Paris.

A França tinha um contrato para a entrega à Austrália de 12 submarinos com propulsão convencional no valor de 56 mil milhões de euros, que foi cancelado por Camberra, que comprou posteriormente os submergíveis aos Estados Unidos.

Paris expressou insatisfação com os três países signatários do pacto AUKUS depois de, na sexta-feira, o Presidente de França, Emmanuel Macron, ter decidido chamar os embaixadores em Washington e Camberra para consultas.

Uma medida sem precedentes que as autoridades francesas justificaram com o que consideraram uma "traição" dos três países aliados tradicionais e uma grave quebra de confiança.

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