A questão é tão relevante que o presidente Joe Biden anulou uma deslocação a Chicago para ficar em Washington e liderar as negociações com dois congressistas chave do seu partido.
O ex-senador Biden, que elogia os seus talentos de conciliador, espera conseguir retirar os seus projetos gigantescos de investimento, em infraestruturas e reformas sociais, do impasse em que as lutas fratricidas entre democratas os colocaram.
"O nosso objetivo é conseguir estes dois votos, de fazer estes dois importantes projetos de lei passarem a linha de meta", declarou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.
Ao mesmo tempo, uma outra missão crucial está perante os congressistas: evitar o colapso das finanças públicas.
Por um lado, devem aprovar nas próximas horas um mini-orçamento válido até dezembro, para evitar a paralisia do governo federal, porque o atual acaba à meia noite de quinta-feira, dia 30 de setembro. O ano orçamental nos EUA decorre entre 01 de outubro e 30 de setembro.
Por outro lado, têm de elevar o limite da dívida federal até 18 de outubro, sob pena de os EUA entrarem em incumprimento, o que seria algo inédito.
A aprovação de um orçamento temporário deve ser a tarefa mais fácil, por existir consenso. Mas, perante o ambiente explosivo em um Congresso com fortíssimas divisões partidárias, tudo se pode complicar.
O chefe da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, indicou que uma votação pode ter lugar na quarta-feira sobre um texto, que prolongaria o orçamento atual até 03 de dezembro. Devem existir votos dos senadores republicanos suficientes para a sua aprovação. Depois, deve ser aprovado na Câmara dos Representantes, controlada pelos democratas, antes de ser promulgado por Biden.
Mas, ao fim da manhã de quarta-feira, o calendário dos votos ainda não estava definido e pode ser prolongado para quinta-feira.
Ora, se este novo orçamento não for aprovado pelo Congresso a tempo, todos os fundos dos serviços federais vão ficar indisponíveis subitamente na sexta-feira, dia 01 de outubro, o designado 'shutdown'.
Ministérios, mas também parques nacionais, alguns museus e um conjunto vasto de organismos seriam afetados, forçando centenas de milhares de funcionários públicos a um desemprego técnico.
Uma instabilidade que ninguém quer em um momento onde numerosos dossiers legislativos agitam Washington. Desde logo, o espetro de um incumprimneto dos EUA.
Isto porque, mesmo que seja evitado um 'shutdown', o problema do limite da dívida permanece por resolver.
Se não for suspenso ou elevado, os EUA ficarão sem dinheiro em 18 de outubro, preveniu a secretária do Tesouro, Janet Yellen.
"O tempo está contado, o perigo é real", reforçou Chuck Schumer.
Os republicanos recusam autorizar a suspensão do limite da dívida, o que significaria, na sua opinião, um cheque em banco a Biden.
Exortam, pelo contrário, os democratas a aprovarem sozinhos, através de uma manobra parlamentar laboriosa.
Mas Chuck Schumer insiste que esta via seria demasiado "arriscada". E que a dívida agora existente foi acumulada sobretudo nas presidências anteriores.
Os membros da Câmara dos Representantes, de maioria democrata, devem aprovar na quarta-feira um texto que prevê a suspensão do limite da dívida. Mas sem apoio republicano, o texto é um nado-morto no Senado.
Neste momento, a incerteza predomina em relação à existência de uma possível solução no Congresso.
"O facto de os republicanos serem tão irresponsáveis não é uma surpresa", disse a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.
Na frente dos planos de investimento pretendidos por Biden, várias dezenas de congressistas da ala esquerda dos democratas ameaçam fazer reprovar a intenção de fazer votar o relativo às infraestruturas, se não tiverem garantias firmes sobre o relativo às reformas sociais.
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