Há uma nova investigação do consórcio do ICIJ, o consórcio de jornalistas de investigação do qual o jornal Expresso é parceiro, assim como outros meios internacionais como o The Guardian ou o The Washington Post, que expõe os negócios secretos e os bens de mais de 30 líderes mundiais – incluindo atuais e antigos presidentes e primeiros-ministros – e 100 multimilionários.
Os Pandora Papers são a maior fuga de informação de dados de ‘offshores’ de sempre, superando os Panama Papers e os Paradise Papers.
Os Pandora Papers têm por base 11,9 milhões de ficheiros de empresas contratadas por clientes ricos para criarem estruturas ‘offshore’ em paraísos fiscais como o Panamá, o Dubai, o Mónaco, a Suíça e as Ilhas Caimão, de acordo com o The Guardian.
Entre os visados nesta investigação do ICIJ, destacam-se figuras como o presidente russo Vladimir Putin, o antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair, o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelenskiy, o rei Abdullah II da Jordânia ou o primeiro-ministro checo, Andrej Babis.
No caso de Putin, o nome não consta dos ficheiros, mas os nomes de várias pessoas próximas de si aparecem, incluindo do Petr Kolbin, um amigo do líder russo que já morreu. Os críticos consideravam Kolbin a ‘carteira’ para a riqueza de Putin.
O nome do presidente da Ucrânia surge ligado à transferência de uma participação de 25% numa empresa ‘offshore’ para um amigo próximo, que agora é um dos principais conselheiros de Zelenskiy. Esta informação pode revelar-se problemática para o líder ucraniano, que tem feito da luta contra a corrupção e contra a influência dos oligarcas os principais cavalos de batalha da sua presidência.
Babis, que enfrenta eleições na República Checa na próxima semana, recorreu a uma empresa ‘offshore’ para comprar um castelo no sul de França por 19 milhões de euros.
Os documentos revelados pelos Pandora Papers indicam que o rei Abdullah da Jordânia tem propriedades adquiridas através de ‘offshores’ avaliadas em cerca de 86,2 milhões de euros. As propriedades estão em locais como Londres, Washington ou Malibu. Confrontado com a investigação do ICIJ, Abdullah II argumentou que não fez nada de errado ao comprar propriedades através de ‘offshores’.
Este domingo, antes da investigação dos Pandora Papers ser publicada, a Jordânia aparentemente bloqueou o acesso ao site do ICIJ.
Tony Blair também viu o seu nome envolvido nos Pandora Papers. O antigo primeiro-ministro britânico e a sua esposa, Cherie, pouparam 312 mil libras (364 mil euros) em impostos quando compraram um edifício em Londres, parcialmente detido pela família de um ministro do Bahrain. O negócio foi feito através da compra de uma empresa ‘offshore’ Ilhas Virgens Britânicas, não é ilegal, mas realça uma lacuna que tem permitido a proprietários ricos não pagarem os impostos que os britânicos comuns têm de pagar.
Também há portugueses envolvidos nos Pandora Papers. São os casos de Manuel Pinho, ex-ministro da Economia de José Sócrates, Nuno Morais Sarmento, vice-presidente do PSD e ministro nos Governos de Durão Barroso e Santana Lopes, e Vitalino Canas, secretário de Estado nos governos de António Guterres.
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